Santa Bernardete Soubirous

Comemorao litrgica: 16 de abril.  -  Tambm nesta data:  Santo Accio, Bispo

 

                                         A santssima Me de Deus, para conferir  aos  homens mais uma de suas  infinitas graas, e para confundir o que no mundo se julga forte,  escolheu um instrumento, preferncia de  outros, dbil, segundo a  divina economia que So Paulo exalta: "Deus escolheu o que fraco no mundo, para confundir os fortes" (1Cor 1,27). Este instrumento era Bernarda Soubirous, nome hoje carssimo e celebrrimo no mundo inteiro, mas naquele tempo, quando apenas quinze anos contava, de todos desconhecida.  

                                         Nascida  em Lourdes, regio montanhosa dos Pirineus, a 7 de janeiro de  1844, filha de Francisco e Ludovica Casterot, dois dias  depois foi batizada e  recebeu o nome de Maria Bernarda. 

                                         Vivendo pobremente e  por algum tempo empregada  em  tomar conta do gado, crescia sem alguma doutrina humana, mas em suavssima simplicidade de  costumes e  admirvel candura de esprito, querida por Deus e  pela  Santssima Virgem Me.  Maria observou a  humildade de  sua filha e  dignou a inocente menina , entre 11 de fevereiro a  16 de julho de  1858, de 18 aparies e  de  celeste colquio. Na poca, o bispo local,  que inicialmente duvidara  da verso da inculta menina, que afirmava as aparies, ps ela prova e pediu para que, na prxima apario,  perguntasse ela qual o seu nome. Bernardete, cumprindo o pedido do bispo, esclareceu Virgem a indagao do bispo, no que Nossa Senhora respondeu: "Eu sou a Imaculada Conceio". Ao retornar, o bispo ouviu estupefato a resposta da menina, j que tratava-se de um dogma recm proclamado, o dogma da "Imaculada Conceio"  firmado h menos de quatro anos por Pio IX (1854) que, pelas dificuldades de comunicao da poca, estava restrito ao conhecimento ainda dos setores mais elevados da Igreja.    

                                         Nesta, to clebre apario e ilustrada por Deus  por tantos sinais, pode-se notar um trplice carisma, conferido piedosa jovem. Chamamo-la antes de tudo: Vidente, porque diante de  numeroso povo,  arrebatada  em xtase, foi maravilhosamente  deliciada com o bondoso aspecto da Virgem. Chamamo-la de  Mensageira da Virgem ao  mundo, porque por ordem de Maria pregou  penitncia e orao ao povo;  mandou aos sacerdotes, que naquele lugar construsse um Santurio; predisse a  todos  a  glria, a santidade e  os futuros benefcios do  mesmo lugar. Por fim vemos nela a  testemunha  da verdade, porque a muitos  contradizentes, com o mximo candor de simplicidade, junto com  suprema prudncia do  mandamento confiado da  Virgem, com admirao de todos os eclesisticos e de  juzes seculares.  

                                         Todas estas coisas levadas  ao termo por divino impulso por uma  ignorante e inculta menina, Deus a  leva  longe  para a solido de um convento, e quase desprezada pelo mundo, preparou-se  para  coisas  mais admirveis, para que,  pregada na cruz  com Cristo e  com ele  quase sepultada, atingisse profundamente na humildade a  vida interior sobrenatural, e um dia  na luz da santidade ressurgindo ao mundo, com este estbil testemunho da  santidade  unisse nova glria ao  Santurio de  Lourdes. Por  isto, obedecendo ao chamamento de  Deus, em julho de  1867 se  transferiu para Nevers, para iniciar a  vida religiosa na Casa-Me das Irms da Caridade e  instruo crist.  Terminado o noviciado no mesmo ano, fez os votos temporais, e onze anos depois os perptuos. Admiravelmente fulguraram nela as virtudes, mas sua alma virgem foi principalmente adornada daquelas  que mais convinha discpula predileta da Virgem Maria:  Humildade  profunda, ternssima pureza e ardente caridade.  Provou-as  e aumentou-as com as dores de  uma longa enfermidade e  angstias de esprito que a atormentaram suportando-as  com suma  pacincia.  Na mesma casa religiosa a  humildssima  virgem  ficou at a morte, que depois de  recebidos  os  sacramentos  da  Igreja, invocando sua dulcssima Me Maria, descansou santamente a  16 de abril de  1879, no trigsimo sexto ano de  idade,  e  duodcimo de  vida religiosa.  Na Frana, sua festa tambm celebrada no dia 18 de fevereiro. 

                                         Tendo ficado at este  ponto como debaixo do alqueire da humildade, com a morte  tornou-se resplandecente  a  todo o mundo.  Debaixo do pontificado de  Pio X, em 1923, foi iniciado o  processo de sua beatificao. A 14 de julho de  1925 o Papa  Pio XI lanou o nome da serva de Dus nos fatos dos bem-aventurados. Em contemplao aos grandes e inegveis milagres, que Deus se dignou operar por sua serva, a causa foi reassumida em junho de 1926 e levada ao fim em 2 de julho de 1933.

                                         "Os acontecimentos que ento se desenrolaram em Lourdes, e cujas propores espirituais melhor medimos hoje, so-vos bem conhecidos. Sabeis, caros filhos e venerveis irmos, em que condies estupendas, apesar de zombarias, de dvidas e de oposies, a voz daquela menina, mensageira da Imaculada, se imps ao mundo. Sabeis a firmeza e a pureza do testemunho, experimentado com sabedoria pela autoridade episcopal e por ela sancionado desde 1862. J as multides haviam acorrido e no tm cessado de precipitar-se para a gruta das aparies, para a fonte milagrosa, para o santurio elevado a pedido de Maria. o comovente cortejo dos humildes, dos doentes e dos aflitos; a imponente peregrinao de milhares de fiis de uma diocese ou de uma nao; a discreta diligncia de uma alma inquieta que busca a verdade... Dizamos ns: "Jamais num lugar da terra se viu semelhante cortejo de sofrimento, jamais semelhante irradiao de paz, de serenidade e de alegria!. E, poderamos acrescentar, jamais se saber a soma de benefcios de que o mundo devedor Virgem auxiliadora! " gruta feliz, honrada pela presena da Me de Deus! Rocha digna de venerao, da qual brotaram abundantes as guas vivificadoras!" (...)  Estes cem anos de culto mariano teceram, ademais, entre a S de Pedro e o santurio pirenaico laos estreitos, que nos apraz reconhecer. A prpria virgem Maria no desejou essas aproximaes? "O que em Roma, pelo seu magistrio infalvel, o sumo pontfice definia, a Virgem Imaculada Me de Deus, a bendita entre as mulheres, quis, ao que parece, confrm-lo por sua boca, quando pouco depois se manifestou por uma clebre apario na gruta de Massabielle". Certamente, a palavra infalvel do pontfice romano, intrprete autntico da verdade revelada, no necessitava de nenhuma confirmao celeste para se impor f dos fiis. Mas com que emoo e com que gratido o povo cristo e seus pastores no recolheram dos lbios de Bernardete essa resposta vinda do cu: "Eu sou a Imaculada Conceio"! " (Trecho da Carta Encclica do Papa Pio XI - durante o centenrio das aparies da SS. Virgem em Lourdes - 02 de julho de 1957)  

Reflexes: 

Bernadete, cavando o  solo com os seus  dedos  afiados, fazia surgir, pela graa de Nossa Senhora, uma fonte de gua do milagre, o mais fecundo captulo da apologtica moderna. Recebeu um ministrio novo, confiado a todos  os Santos. Cada  um deles, porm, tem  as suas caractersticas. As de Bernadete so a sua pequenez engrandecida pela fora e pelo amor de Cristo. A sua condio humilde de  ontem, elevada hoje, distribuidora de  grandes lies ao gnero humano. 

Mostrou-nos ela a Rainha  dos Santos; hoje comea a  ensinar-nos o esprito de santidade. J no o sobrenatural acima de ns, mas dentro de  ns. J no nos convida a  irmos s bordas do Gave beber da gua milagrosa;  o seu apelo  para que vamos ao grande rio sacramental, onde  as  almas bebem a  santidade; e para que  consideremos como a humanidade se refaz, se  nobilita, se sublima, modelada em Cristo. 

A sua  voz dir-nos- de futuro: Vde, homens pequeninos,  materializados em  gozos efmeros, o que pode a  ignorncia, a humildade de  uma camponesa iletrada, transformada pelo Esprito Santo. 

talvez mais bela  esta segunda misso do que a primeira. Depois de nos revelar a Virgem, mostra-nos o Esprito Divino. Com uma diferena: que  a  Virgem vimo-la   atravs dos  olhos dela;  o Esprito vemo-la nela prpria.   

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 Referncia bibliogrfica: Na luz Perptua,  5.  ed., Pe. Joo Batista Lehmann, Editora Lar Catlico - Juiz de Fora - Minas  Gerais,  1959 e site do Vaticano - www.vatican.va