Santa Clara de Assis  

Comemorao litrgica: 11 de agostoTambm nesta data: Santa Susana e Santa Lia

     Guia geral    Por data  Incorruptos

Fundadora da Congregao das Irms Clarissas

Sob a regra e direo de So Francisco de Assis 

 

                                              Santa Clara, nasceu em Assis, na Itlia, filha de  pais ricos e piedosos. O nome de Clara foi-lhe dado em virtude de  uma voz misteriosa que a me Hortulana ouviu, quando, antes de dar luz a filha, fazia fervorosas oraes diante de um crucifixo.  Nada temas! disse aquela  voz o fruto de teu ventre ser um grande lume, que iluminar o mundo todo.   Desde pequena,  Clara era em tudo bem diferente das companheiras.  Quando meninas dessa idade costumam achar agrado nos brinquedos e bem cedo revelam tambm qualidades  pouco apreciveis,  Clara fazia exceo regra.  O seu prazer era rezar, fazer caridade e  penitncia.  Aborrecia a vaidade e  as  exibies  e tinha averso declarada aos divertimentos profanos.

                                              Vivia naquele  tempo o grande Patriarca de Assis. So Francisco. A este se dirigiu Santa Clara, comunicando-lhe o grande desejo que tinha de abandonar o mundo, fazer o voto de castidade e  levar uma vida da mais perfeita pobreza. So Francisco  reconheceu em Clara uma eleita de Deus e  animou-a a  persistir  nas piedosas aspiraes.   Depois de ter examinado e sujeitado a duras provas o esprito da jovem,  aconselhou-lhe abandonar a casa paterna e tomar o hbito de religiosa.  Foi num Domingo de Ramos, que Clara executou este plano, dirigindo-se Igreja de Porcincula, onde So Francisco lhe cortou os cabelos e  lhe deu o hbito de penitncia.  Clara contava apenas 18 anos, quando disse adeus ao mundo e  entrou  para o convento das Beneditinas de Assis. 

                                              O procedimento estranho de  clara, provocou os mais veementes protestos dos pais e parentes, que  tudo tentaram , para tirar a jovem do convento.  Clara ops-lhes firme resistncia. Indo Igreja, segurou-se ao altar e com a outra mo, mostrou aos pais a cabeleira cortada e disse-lhes: Deveis saber que no quero outro esposo, seno a Jesus Cristo.  A este escolhi e  no mais o deixarei.  Clara tinha uma irm mais moa, de quatorze anos, de nome Ins.   Esta, no suportando a separao e  animada por Clara, poucos dias depois, abandonou tambm a casa e entrou para o convento onde Clara estava.  Com este gesto no se conformaram os parentes.  Ao convento,  foram  no intuito de obrigar a jovem a  voltar traz-la viva fora para casa, fosse qual fosse  a resistncia  que  encontrariam.

                                              A resistncia realmente foi,  to resoluta da parte de Ins,  que tiveram de desistir das suas tentativas.  Tambm a ela  So Francisco deu o hbito religioso.  Apenas provisria podia  ser a estada das  duas irms no convento das  Beneditinas.    Francisco havia de dar, pois,  providncias para coloc-la  em outra parte.

                                              Adquiriu a  igreja de So Damio e  uma casa contgua para  as  novas religiosas, s quais,  logo se associaram a outras companheiras. Sob a direo de Clara, formaram estas a primeira  comunidade que, desenvolvendo-se cada vez mais, tomou a forma de  nova Ordem religiosa.  Esta Ordem, de origem to humilde, tornou-se celebrrima na  Igreja Catlica, a que deu muitas  santas e muito trabalhou e trabalha pelo  engrandecimento do reino de Cristo sobre a terra.  Obedecendo Ordem de  So Francisco, Clara aceitou o cargo de superiora, e exerceu-o durante quarenta e dois anos.   Deu Ordem  regras severas sobre a observncia da pobreza.  Uma oferta de bens  imveis,  feita pelo  Papa, Clara respeitosamente a recusou.  No s na observao da pobreza, como tambm na  prtica de outras virtudes,  Clara era modelo exemplarssimo para as  suas filhas espirituais.  Grande lhe foi a satisfao, quando da prpria me e de outras parentas recebeu o pedido de  admisso na Ordem.  Alm  destas, entraram  trs  fidalgas da casa Ubaldini na  nova Ordem das Clarissas.   Julgaram  maior honra associar-se pobreza de Clara do que viver no meio dos  prazeres  dum mundo enganador. 

                                              Na prtica  da penitncia  e  mortificao,  Clara era de tanto rigor, que seu exemplo podia servir  mais de admirao do  que de imitao. O prprio So Francisco aconselhou-lhe  que usasse de  moderao, porque do modo de que vivia e  martirizava o corpo, era de recear que no pudesse  ter longa vida. 

                                              Severssima  para consigo,  era inexcedvel na caridade  para com o prximo. Seu maior prazer  era servir aos enfermos. Uma das virtudes que se lhe observava, era o grande  amor   ao Santssimo  Sacramento.  Horas inteiras do dia e  da noite, passava  nos degraus do altar.  O SS. Sacramento era seu refgio, em todos os perigos e dificuldades. 

                                              Aconteceu que  a cidade  de Assis fosse assediada pelos  sarracenos que,  a  servio do Imperador Frederico II,  inquietavam a Itlia.    Os guerreiros tinham  j  galgado o muro, justamente onde estava o convento das  clarissas.  A superiora, enferma, guardava o leito.  Tendo  notcia da invaso dos brbaros no convento,  Clara levantou-se e, ajudada pelas filhas, dirigiu-se ao altar do SS. Sacramento, tomou nas mos  a Sagrada Hstia e assim,  munida de Nosso Senhor,  dirigiu-lhe o seguinte  apelo em voz  alta:  Quereis, Senhor,  entregar aos infiis estas  vossas  servas  indefesas que nutris com Vosso amor?  Vinde em  socorro de  vossas servas, pois no as posso proteger.  Ditas estas palavras,  ouviu-se distintamente uma voz dizer: Serei vossa proteo  hoje e sempre. Os fatos provaram  que  no se tratava  de coisa imaginria. Dos sarracenos apoderou-se um pnico inexplicvel;  grande parte deles  fugiu s pressas;  alguns,  que j haviam galgado o cimo do muro, caram para trs.  Foi visivelmente a  devoo de Santa Clara ao SS.  Sacramento, que salvara o convento e  a  cidade, do assalto do inimigo.  Outros muitos milagres fez  Deus por intermdio de  sua  serva, que a  estreiteza de espao no nos permite narrar. 

                                              Clara contava  sessenta anos, dos  quais  passara  28   anos  sofrendo grandes  enfermidades.   Por maiores que lhe fossem as  dores, nenhuma queixa lhe saa da boca.  Na meditao da sagrada Paixo e Morte  de Nosso Senhor achava o maior  alvio. Como passa  bem depressa  a noite, dizia,  ocupando-me com a Paixo de Nosso Senhor.  Em outra ocasio, disse: Homem haver que se queixe, vendo a  Jesus derramar todo o seu sangue na Cruz?  Sentindo a  proximidade da  morte,  recebeu os Santos Sacramentos e  teve a  satisfao de  receber a visita do Papa Inocncio IV, que lhe concedeu uma indulgncia plenria.  Quase  agonizante, disse ainda estas palavras:  Nada temas, minha  alma;   tens boa companhia na tua passagem  para a eternidade. Vai em paz, porque Aquele que te criou, te santificou, te guardou como a me ao filho, e te amou com grande ternura.  Vs, porm,  meu Senhor e meu Criador, sede  louvado e bendito.   Esta viso lhe apareceram muitas virgens, entre as quais  uma de extraordinria beleza, que lhe vieram ao encontro para leva-la ao cu.   Santa Clara morreu em 12 de agosto de 1253, mais em conseqncia do amor divino, do que da doena  que a martirizava.  Foi em ateno aos  grandes e numerosos milagres que se lhe observaram no tmulo, que o Papa Alexandre IX, dois anos depois,  a canonizou.

 Reflexes:

Haver quem se queixe, vendo a  Jesus Cristo na cruz,  coberto de  sangue? .

A meditao da Sagrada Paixo e Morte de  Jesus Cristo,  dava  fora  Santa clara, para sofrer  com pacincia as  dores  da doena.  A mesma meditao, produziria em ti o mesmo efeito, se em teus  sofrimentos te quisesses  lembrar das dores que  Jesus Cristo sofreu por amor.   Jesus  era  inocente e sofreu mais  que um homem jamais  sofreu e poder sofrer.   Tu, que no s inocente,  nada queres sofrer? Jesus aceitou a cruz e a dor; e da boca no lhe saiu uma palavra de queixa.  No devers imitar tambm este exemplo de teu Salvador?  Consideraes desta espcie,  nos dias do sofrimento, fazem milagres.  Quem se  lembra da Sagrada Paixo de Jesus Cristo, sofre tudo com pacincia, por  mais doloroso que seja,  diz  So Gregrio. 

Santa Clara teve uma grande  devoo ao Santssimo Sacramento.  Aos ps do altar, procurava e achava alvio,  consolao e auxlio.  Se tivesses devoo igual a Jesus Eucarstico, os mesmos efeitos  poderias  experimentar.  Se Nosso Senhor  andasse entre ns, como andou na terra da Palestina, cheio de confiana  a Ele  te dirigirias , certo de alcanar de  sua bondade  o que desejasses.  Que diz a nossa  doutrina dobre o Santssimo Sacramento? No   real  a presena de Jesus  Cristo na Hstia consagrada?  Pois se esta a tua f, porque te portas como se no acreditasses nesta verdade?  Se est presente no Santssimo Sacramento,   ento o mesmo que fez ressuscitar o mancebo de Naim,  a  filha de Jairo e  Lzaro.  Se Jesus  est no Santssimo Sacramento, ento entre Ele  e  Aquele que  fez  a  multiplicao dos pes, no h diferena nenhuma. No deve, portanto, ser outra a tua f.  Porque no procuras Jesus no Santssimo Sacramento, quando a tua alma se  v  atribulada, quando a dor te oprime o corao?   Se aos homens abres o corao e em suas  palavras buscas  consolo e conforto, porque no fazes  a  Jesus tuas confidncias?  Procura o Santssimo Sacramento, aviva tua f neste mistrio da nossa Religio e,  como Santa Clara, encontrars quem te console, proteja e defenda. 

Corpo de Santa Clara

"No dia 6 de agosto de 1850 recebem autorizao do governo civil para a exumao. No dia 23 do mesmo ms, em silncio e sempre noite, os trabalhos comeam acompanhados pelo vigrio episcopal Luigi Alexandri, do Delegado para os Religiosos Pe. Giuseppe Morichelli, e o especialista em escavaes Marco Rondini. Oito dias depois encontravam o tmulo onde o corpo da santa fora depositado h 6 sculos. No dia 23 de setembro, com a presena do Bispo de Perugia, Giocecchino Pecci (futuro Papa Leo XIII), o qumico Purgotti, o arquelogo Antonini e o diretor do arquivo municipal de Assis Paolo Cesini abriram o sarcfago. No havia nenhuma inscrio junto com os restos mortais. O corpo de Clara tinha o fino semblante intacto, a pele estava sombria e bem colada aos ossos. Uma coroa de honra feita no sculo XIII estava perfeita. Os ramos de tomilho que enfeitavam o corpo permaneciam conservados. O corpo todo estava em estado de esqueleto na disposio normal dos ossos. A cabea inclinada sobre o ombro esquerdo, o brao esquerdo sobre o peito e o direito estendido ao longo do corpo. Um fio de p branco recobria o esqueleto. O corpo foi erguido e colocado num relicrio. Uma grande relquia foi mandada a Roma.

Um Trduo foi celebrado em ao de graas nos dias 26, 27 e 28 de setembro, depois que a urna foi aberta uma outra vez para recobrir os ossos da Santa e lhes dar a aparncia de um corpo. Tinham sido envoltos anteriormente por uma camada de algodo. A tnica parda, a cobertura da cabea branca e o vu preto foram confeccionados por algumas senhoras desconhecidas de Assis. Colocou-se sobre a cabea uma coroa de flores. A urna foi ento fechada e ornamentada para a procisso solene que teve lugar na tarde de 29 de setembro". 

O corpo de Clara que est hoje na baslica foi mais uma vez restaurado. De 17 de novembro de 1986 at 12 de abril de 1987 um paciente trabalho foi feito para tirar do corpo da Santa um estado de viscosa humidade, devido ao clima e aos longos anos que criaram a decomposio das partes extremas, em particular as falanges e os dedos dos ps. Quando examinaram o corpo, ele mantinha a mesma posio deixada em 1850. Todo ele foi recomposto e restaurado com tela, gesso, esmalte e silicone. A equipe que trabalhou foi esta: Gianfranco Nolli (egiptlogo), Maria Venturi (ortopedista), Gabrielle Nazareno (qumico), Massimo Benedettucci (escultor) acompanhados da Abadessa Madre Clara Lucia Canova e Frei Giovanni Boccalli, Provincial de Assis. Recompuseram o corpo e o rosto segundo os documentos da poca".

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Referncia bibliogrfica: Na luz Perptua,  5.  ed., Pe. Joo Batista Lehmann, Editora Lar Catlico - Juiz de Fora - Minas  Gerais,  1959.

Sobre o corpo de Santa Clara - Sntese - por Frei Vitrio Mazzuco Filho

https://franciscanos.org.br/nossaorigem/especiais/santa_clara2003/notas/mazzuco2.htm