So Vicente de Paulo  

Comemorao litrgica: 27 de setembroTambm nesta data: So Fidncio e So Florentino.

     Guia geral    Por data  Incorruptos

 

Fundador da Ordem dos Lazaristas (Congregao da Misso - CM)

Co-fundador da Congregao das Filhas da Caridade

 

                                                      

                                        So Vicente de Paulo, um dos maiores  amigos da humanidade, sacerdote zelosssimo, homem apostlico como poucos, santo, entre os  santos, um dos maiores, nasceu em Ranguines, perto de Dax, na Gasconha (Frana), em 1576.  De condio humilde, os pais eram gente piedosa e virtuosa. Proprietrios de uma pequena herdade, viviam do trabalho. Educaram cristmente seis filhos, 4 homens  e duas mulheres, obrigando-os  ao trabalho no campo.  Em Vicente, bem cedo  descobriram os pais um bom corao e qualidades excelentes de esprito. 

                                        A ocupao predileta do menino era vigiar o gado, nas  pocas do ano em que este  era  levado s pastagens.  De preferncia, levava o gado a um lugar  no fundo do mato, onde havia uma capela de Nossa Senhora. Ali fazia  muita orao e cantava em honra da  Rainha do cu.  As  flores mais belas que encontrava, depositava-as sobre o altar de Maria Santssima e com um carinho todo particular, enfeitava a humilde capelinha.  J nesta idade, revelava princpios de caridade, guardando sempre  um bocado da refeio para os pobres. O pai, observando com satisfao os  belos dotes do filho, quis  que ele estudasse. Em quatro anos, Vicente tinha feito tantos progressos nas cincias, que pde ser professor. Ensinando aos outros, ganhava o bastante para poder continuar os estudos nos cursos superiores, sem com isto exigir sacrifcios do pai. Seguiu os  cursos teolgicos em Saragoa e Toulouse e,  em 23 de setembro de 1600, foi ordenado sacerdote.  

                                        Deus, porm, quis  proporcionar-lhe ocasio de  aperfeioar-se nas virtudes de perfeito cristo, que so a mansido, a pacincia e  a  caridade. Numa viagem  em  1605, que fazia, de Marselha a Narbonne, caiu em poder de piratas  tunsios, que o venderam como escravo a diversos senhores em Tunis. Com grande conformidade, o santo aceitou esta provao e humildemente se  sujeitou aos pesados trabalhos, que se lhe impunham. O que mais o entristecia, eram os diversos  estratagemas que os patres empregavam, para lev-lo a apostasia.  O ltimo deles, a quem prestou servios de  escravo, era apstata, que tinha trs mulheres.  Uma delas, movida pela curiosidade, acompanhava Vicente, quando este se dirigia ao trabalho no campo.  Muitas perguntas  lhe dirigia sobre a religio crist, e pedia-lhe que cantasse  alguns  cnticos cristos.  Vicente lembrava-se da  palavra da Sagrada Escritura: "Como hei de cantar em terra estrangeira?" e cantava ento o salmo, que diz: "Nas margens dos rios de Babilnia assentvamos, chorando a nossa terra", ou a "Salve Rainha".  A mulher muulmana ouvia tudo com muita ateno, e cada vez mais se enchia de  admirao pelas virtudes do escravo cristo. Tornou-se advogada de Vicente junto ao patro, a quem repreendeu energicamente por ter abandonado uma religio to perfeita, como a crist.  O apstata caiu em si e combinou com Vicente a  volta para Paris. Em 1607 fizeram a travessia e  chegaram a Aigues Mortes. 

                                        No ano seguinte vemos  Vicente em Roma.  Os grandes e antigos santurios muito o  impressionaram e,  regressando a Paris, tinha a resoluo firme de  imitar o exemplo de virtude dos  primeiros  cristos.  Em Paris, se dedicou por alguns anos ao servio dos doentes no hospital.  Aconteceu que l casse sobre ele a grave suspeita de ter  praticado um furto.   A nica resposta que Vicente dava  s acusaes caluniosas era:  "Deus sabe tudo".  S depois de seis  anos  foi descoberto o verdadeiro culpado, ou para melhor dizer, o ladro que, no podendo j suportar os  remorsos de conscincia, fez  a declarao do crime.  

                                        Pouco depois,  Vicente conheceu o venervel Berulle, fundador da Congregao do Oratrio, e os dois ligaram-se em estreita amizade, para mais  eficazmente poderem trabalhar pelo bem da humanidade. Durante algum  espao de tempo, Vicente administrou a Parquia de Clichi, onde Trabalhou com grande proveito para as  almas, obediente ordem dos superiores, aceitou o cargo de educador dos filhos do conde de Gondi-Ivigny. Este gnero de ocupao dava-lhe tempo bastante para se dedicar cura d'almas, e foi a que Vicente revelou grandes aptides para missionrio.  A condessa de Ivigny, senhora de grandes virtudes, deu o maior apoio aos trabalhos apostlicos de Vicente, que em seguida passou a pregar misses aos encarcerados e aos  condenados s gals.   O rei Lus XIII nomeou Vicente intendente das galeras francesas e esmoler real. Trs anos ficou o santo homem em Paris, ocupando este cargo, quando o zelo pelas almas o levou a  Marselha, onde havia muitos daqueles infelizes,  condenados s  gals. Vicente procurou-os e semeou consolo e conforto nas almas daquela  desventurada gente, cuja  triste sorte o comovia at s lgrimas.  Entre os algemados havia um, de porte nobre e fidalgo, que se entregava a uma tristeza, que tocava as raias do desespero.  Vicente interessou-se muito em  particular por  aquele homem e  conseguiu dele  a revelao de  sua triste  histria.    Cmplice, se bem que quase forado,   de uma fraude,  fra condenado s  gals, sabendo mulher e filhos entregues misria. Vicente, que at ento soubera muito bem disfarar sua personalidade, ofereceu-se s autoridades em lugar do infeliz e  conseguiu-lhe a libertao. A mansido, a caridade e  pacincia de  Vicente no meio dos  sentenciados, gente de pssima espcie, chamou ateno. Como os seus  em  Paris lhe ignorassem o paradeiro,  foram-lhe ao encalo,  descobriram-no em Marselha e  trataram de  libert-lo.  Do tempo de  priso, restou-lhe uma ltima lcera no p, causada pelas grilhetas. 

                                        Para  combater a ignorncia religiosa e o indiferentismo, pregou muitas misses nas cidades e  no campo.  Sacerdotes  do clero regular que o ajudavam nesta tarefa, associaram-se-lhe  na Congregao da Misso, fundada  em  1624, e com ele como seu superior, fixaram residncia no antigo leprosrio So Lzaro, de onde a Congregao recebeu  a  denominao de "Lazaristas". Naquela  casa, Vicente dirigiu inmeros retiros espirituais para todos os estados.  

                                        De grande resultado foram os exerccios em preparao s sacras ordens e  as  conferncias sacerdotais nas teras-feiras, nas quais se formaram belssimas vocaes dos melhores bispos da Frana.  

                                        Obra de grande alcance se revelou a  fundao da  Confraria da  Caridade, organizao caritativa para ambos os sexos, hoje mais conhecida sob o nome de  Conferncias de So Vicente.  Desta confraria, qual flor maravilhosa,  se  desenvolveu a Congregao das Filhas da Caridade, qual deu por superiora uma senhora de grande virtude, que goza das honras dos altares:  Santa Lusa de Marillac.   Pela fundao dessas conferncias e das suas casas, tiveram certa centralizao as obras de caridade e beneficncia aos pobres, aos enfermos, s crianas, mocidade feminina periclitada,  aos cegos, aos loucos, etc.   Em todas estas obras, Vicente recebeu e deu muita animao na qualidade de membro da Companhia do SS.  Sacramento.  Como membro do conselho real em coisas eclesisticas, grande influncia exercia na nomeao de bispos e distribuio de benefcios.  Atrs de uma aparncia exterior,  simples e fraca, de uma fisionomia humilde,  sempre bondosa e sorridente,  escondia-se uma inteligncia esclarecida, um carter corajoso e  forte, um talento eminentemente prtico e organizador, um corao grande, ardoroso e firme na f.  

                                        Em 1693 esta congregao teve a  aprovao do Papa Urbano VIII.  Os sacerdotes pertencentes a  essa congregao, fazem os  trs votos simples monsticos, da pobreza, castidade e obedincia, obrigando-se a trabalhar na prpria santificao, na converso dos pecadores e  na formao do clero.  So Vicente muito se empenhou pela organizao de  retiros espirituais para sacerdotes e leigos, e nesse empenho teve forte apoio do Papa Alexandre VII.  

                                        admirvel que um homem como So Vicente, destitudo completamente de bens materiais, pudesse fazer tanto bem aos necessitados.  Quando a provncia de Lorena, devastada pela guerra oferecia um aspecto desolador, So Vicente fez-se mendigo, angariando esmolas e donativos em benefcio das vtimas da grande catstrofe, as quais  socorreu com uma vultosa quantia em dinheiro.  

                                        Querido e  amado por todos, era visto como um anjo do cu.  So Francisco de Sales, votava-lhe tanta estima e confiana, que o nomeou Superior da Ordem da Visitao que, havia pouco, fundara.  Ainda outras comunidades religiosas, se lhe confiaram direo.  

                                        No meio de tantas ocupaes, teve tempo ainda para tratar da sua prpria alma. Fossem quais  fossem as ocupaes, o corao dele  estava sempre unido a  Deus.  Nas maiores contrariedades, conservava sempre calma e tranqilidade de  esprito.  Em todos os  fatos da vida, So Vicente reconhecia os  planos da Divina Providncia.  Entregava-se-lhe confiadamente e, outra coisa no procurava, seno a maior glria de Deus.  

                                        Senhor absoluto dos movimentos do  corao, no se  deixava  desanimar ou inquietar pelas  vicissitudes da vida. Humilhaes, longe de o entristecerem, firmavam-no cada vez mais na humildade. A humildade era a virtude que mais recomendava  aos filhos espirituais.  Uma das regras principais que estabeleceu sobre a humildade, foi esta:  "O religioso no fale dos seus  prprios  merecimentos e evite chamar a  ateno dos outros para a sua pessoa".  

                                        So Vicente alcanou a  idade de  85 anos. Embora bastante enfraquecido e alquebrado, levantava-se s 4 horas,  celebrava a Missa e  dedicava  trs horas orao.  O pensamento da morte era-lhe familiar. Todos os  dias rezava as oraes da Igreja pelos moribundos.  A morte encontrou-o, pois,  timamente preparado.   Morreu aos 27 de setembro de 1660, sendo -lhe o corpo sepultado na igreja de So Lzaro (ou capela dos Lazaristas), enquanto seu corao se conserva tambm incorrupto no convento das Irms da Caridade em Paris. Grandes e numerosos milagres foram-lhe observados no tmulo.  A sua canonizao realizou-se em 1737 pelo Papa Clemente XII.     

Reflexes:

Maior benefcio So Vicente no podia dispensar aos cristos, do que sacud-los da letargia da morte, em que se achavam submersos.  Como um segundo So Joo Batista,  abria-lhes os olhos sobre o estado de pecado em que se achavam e, semelhante ao grande Precursor de Jesus Cristo, lembrava-lhes a necessidade de fazer obras de penitncia. um erro  muito grande supor que  ao cu, possa razoavelmente aspirar, quem vive sempre entre a virtude e o vcio,  hoje, praticando aquela e amanh, se entregando a este.  Em outras palavras, no caminho para o cu, no se acha quem hoje cristo e pago amanh.  Que dizer daqueles, que trilham constantemente o caminho do pecado, sem se incomodar com os abismos que, ameaadores, se abrem para todos os lados?  As paixes desordenadas so os guias falsos, que levam o homem loucura, cegueira, impiedade. O homem que  abandona a Deus, embora seja um portento de sabedoria,  cai de erro em erro, comete os maiores desatinos, porque fecha os olhos quela Luz que veio para todos.  

Outra caracterstica importantssima em So Vicente era o seu grande amor ao prximo, que fazia-o  achar mil modos de  socorrer o pobre, o necessitado.  Como nos tornamos cruis,   diante de uma sociedade que nos induz  insensibilidade. J existem at  placas de sinalizao, dizendo que no devemos dar esmolas aos pobres.  a caridade se resfriando, conforme prescrito nas Sagradas Escrituras.  Ns, catlicos, devemos repelir todo tipo de propaganda  ou slogan deste tipo,  que no visa outro fim seno destruir a caridade crist .  No devemos permitir  que nos tornemos insensveis ao sofrimento, indigncia do nosso irmo.  "Se algum, tiver bens de fortuna, ensina So Joo, e vendo o irmo na misria, fechar o corao diante da necessidade do mesmo,  ser possvel que nele fique a caridade de Deus? 

ns,  quantas  ocasies a vida  no nos ofereceu para fazermos caridade!  Quantas vezes a graa de Deus no nos impeliu para dar uma esmola, visitar um pobre doente, socorrer  famlias em necessidade, consolar vivas e rfos!  No nos escusemos, dizendo:  No tenho nada com isso;  que se arranjem;  que trabalhem;  por qu no fizeram economia como eu?  No essa a linguagem do cristo! Espelhemo-nos nos belos exemplos deixados por So Vicente de Paulo.  

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Referncia bibliogrfica: Na luz Perptua,  5.  ed., Pe. Joo Batista Lehmann, Editora Lar Catlico - Juiz de Fora - Minas  Gerais,  1959.   - incorruptibilidade - https://cmriopreto.org.br/Padroeiros/Santos.htm