Comemorao  litrgica - 02 de agosto Tambm nesta data: Santo Eusbio de Vercelas; So Mximo, So Pedro Juliano Eymard e Santa Teodata

 

 

 

                                Santo Estevo  foi o sucessor  de  So Lcio,  cuja  histria  no muito difere da sua em relao s fortes perseguies sofridas, tambm em curto espao de tempo (2 anos) , infligidas  tambm pelo imperador  Valeriano. Sua dedicao e  empenho em manter  a  mesma  linha de seu predecessor, ou seja,  inflexibilidade nas questes  relativas  sua f e ao  seu fiel apostolado,  fizeram que  da mesma forma, recebesse a  coroa  do martrio  pelas  mos  do imperador  tirano. 

Filho de Julio, nasceu no final do segundo sculo e, apesar de haver poucos relatos  acrca da sua infncia, todas as evidncias confirmam que pertencia nesta poca j a uma famlia crist.  Sua dedicao aos estudos das letras humanas e divinas, particularmente vida dos Santos, fez com que em curto espao de tempo, atingisse grau de especial distino entre os fiis de Roma.  Era jovem  quando foi admitido ao clero.  Os Papas So Cornlio e  So Lcio,  que viriam a  se tornar seus predecessores,  julgaram que no se podia deixar escondida aquela brilhante tocha de  sabedoria.  Foi ordenado dicono para em seguida ser administrador dos bens  eclesisticos, ao mesmo tempo que recebeu jurisdio vicarial.  

Logo que assumiu a  cadeira de So Pedro,   empenhou-se valorosamente no sentido de  extirpar a chama da heresia,  defendendo em primeiro lugar os sagrados cnones e as oraes para culto divino. Persistia o erro da heresia  novaciana,  cuja evoluo Santo Estevo acompanhou de perto desde os tempos de So Cornlio  que, aps deciso conciliar,  excomungou e declarou Novato anti-papa. As razes da heresia, apesar disso, alastraram-se danosamente.  Foi certamente por sua influncia que So Cornlio  foi decapitado. So Lcio, em apenas  oito meses, lutou implacavelmente contra ela durante seu pontificado, de apenas oito meses. 

So Cipriano,  bispo de Cartago, que desde os tempos de So Cornlio, lutou incansavelmente contra a maligna heresia,  foi uma grande coluna de  apoio aos seus sucessores Lcio e agora Estevo.  Os erros  doutrinrios eram j partilhados por muitos  membros do clero, no s do ocidente, mas tambm do oriente. Apesar da  condenao dos erros novacianos em diversos outros conclios, com especial empenho de So Cipriano e  tambm de So Dionsio, bispo de Alexandria,  a chama do erro, com enganoso pretexto de "reforma",  fazia que muitos fiis, em debandada, apoiassem as idias errneas.  Foi, sem dvida, uma triste, porm, necessria fase purgativa no seio da Igreja. Seus sectrios afirmavam  que no poderia, em hiptese alguma, serem admitidos Comunho,  qualquer  pessoa  que tivesse cado em crime de idolatria, independente de arrependimento. E que todo o fiel que estivesse em pecado mortal,  s o poderia ser admitido, caso fosse batizado novamente.  Estenderam esta proibio todo o gnero de culpas e  tentavam, com seus atos de insubordinao regional, comprometer o  poder de "atar e desatar", enfim o poder e autoridade divina do Papa

Sucede que, os gentis, percebendo as funestas divises e balbrdias promovidas  pelos hereges, encontraram oportunidade exata para intensificar as perseguies, incitando os imperadores e magistrados moverem guerra contra a Igreja, mediante diversas artimanhas e  articulaes.

Alastraram-se documentos libelticos (falsos certificados de sacrifcios aos deuses), com os quais muitos cristos covardes o portavam para garantir seu meio de vida, diante das perseguies imperiais.  Tais documentos alastraram-se no meio do episcopado, inclusive, foram denunciados de libelticos Baslides - bispo de Astorga, na Espanha,  e Marcial, bispo de Mrida, alm da denncia de diversos outros crimes.  Estes, apressando-se pelas denncias, que culminariam na perda da mitra, dirigiram-se ao Papa e fizeram o que puderam para convenc-lo que tratavam-se de calnias.  O Papa  Estevo recebeu-os com tanto amor e benignidade, que deram-se por  restitudos cadeira episcopal.  S que, So Cipriano e os bispos da Espanha, atentos ardilosa astcia de Baslides e Marcial,  cientificaram o Papa dos crimes por eles cometidos, motivo pelo qual o Papa baniu-os e  manteve-se  inflexvel em sua deciso.  

Porm, o que d maior idia do mrito do nosso Santo a clebre disputa que sucedeu entre os mais santos bispos da Igreja, sobre o valor da nulidade do batismo ministrado por hereges.  Parece que esta disputa teve incio na Igreja de Cartago,  onde So Cipriano, baseando-se na prtica de seu predecessor Agripino, ensinava que era nulo o batismo fora da Igreja Catlica e, por conseguinte,  que se deviam rebatizar todos os hereges que se reconciliavam com ela. Seguiram esta mesma opinio os bispos do oriente,  que se juntaram em Icnio, especialmente no oriente como na frica.  Entretanto, Santo Estevo a condenou,  e declarou que a respeito dos que voltavam ao grmio da Igreja, de qualquer seita que fossem, nada se devia inovar, seno seguir precisamente a Tradio, que era impr-lhes as mos pela penitncia, sem  rebati-los, uma vez que tivessem sido batizados em Nome do Pai, do Filho e do Esprito Santo,  e que por outra parte no se tivesse omitido coisa alguma das essenciais ao Batismo. 

A muito custo So Cipriano mudou de parecer. Convocou muitos Conclios que confirmara sua opinio, e em virtude disso, escreveu ao Papa. O mesmo fizeram os bispos do oriente, porm,  Santo Estevo, guiado pelo Esprito Santo, que governa sempre a Igreja, escreveu a So Cipriano e aos bispos da Cilcia, da Capadcia e da Galcia, que se separaria de sua comunho, se persistissem suas opinies sobre o batismo dos hereges.  Com o tempo, se reduziram todos os bispos do oriente deciso do Pontfice, contribuindo no pouco a este feliz sucesso So Dionsio, Bispo de Alexandria.  Maior foi a resistncia dos bispos africanos;  porm,  no final toda a Igreja abraou o que ficou definido por Santo Estevo. Tambm teve o consolo de saber por carta de So Dionisio Alexandrino que, em geral, todo o oriente havia abandonado o partido dos novacianos, unindo-se com Roma;   ao mesmo tempo que participava desta boa notcia, se congratula com o Santo Papa dos socorros espirituais e temporais com que ajudava os fiis da Sria e Arbia;  prova evidente do muito que se estendia sua caridade e vigilncia pastoral.  

Publicou o Imperador um edito pelo qual confiscava os bens dos cristos, e os concedia que os denunciasse.  Por esta ocasio, convocou o Papa ao clero e ao povo;  e falou com tanta energia e com tanta eficcia sobre a vaidade dos bens desta vida, que um presbtero chamado Bono, arrebatado de santo fervor,  exclamou em nome de todos, que no s estavam prontos a perder todos os seus bens,  mas a padecer os mais cruis tormentos, e a dar a vida por Jesus Cristo,  declarao que foi recebida por aplauso universal. 

Acendido o fogo da perseguio,  indizvel o ardor com que todos de dispunham ao martrio. O Santo Papa andava de casa em casa, e passava os dias em lugares subterrneos, oferecendo o Santo Sacrifcio e dando aos fiis a Sagrada Comunho. Em um s dia batizou 180 catecmenos, administrando-lhes o sacramento da confirmao, dizem as atas,  ofereceu por eles o sacrifcio Incruento, sustentando-os com o Po dos fortes, e poucos dias depois quase todos mereceram receber a coroa do martrio. 

Santo Estevo convencionou o que mais urgia na atual constituio dos negcios para o governo da Igreja,  empossando 3 presbteros, 7 diconos e 16 clrigos,  a  quem encomendou a custdia dos vasos sagrados e a distribuio das esmolas. Nemsio, tribuno militar, andava em busca do Santo Papa,  por ter ouvido que era um homem extraordinrio e que fazia grandes milagres. Tinha o tribuno uma filha nica, cega de nascena, e suplicou a Estevo que desse vista sua filha. "O farei,  respondeu o Santo, porm, com a condio de que h de crer em Jesus Cristo, em cujo nome e virtude hei de fazer o milagre".  Sem deter-se um ponto, o prometeu Nemsio, e assegurando com juramento que se faria cristo,  acreditou em Jesus e pediu o Batismo. Instruindo-lhe o Papa e batizando-o juntamente com sua filha, o qual recobrou a vista logo que recebeu o Batismo,  se lhe deu o nome de Lucila.

vista deste milagre, se batizaram maravilhados 63 pagos.  Nemsio e Lucila foram presos, como tambm Sempronio, seu primeiro secretrio,  a quem o Tribuno Olimpo ordenou que declarasse o estado de todos os bens de seu amo. Respondeu o fiel criado  ao Tribuno que  no haviam bens,  j que tudo havia sido repartido entre os pobres.  "Ento tu tambm s cristo como teu amo?", replicou Olimpo, que se chamava o juiz. "Esta sorte tenho, e me orgulho muito dela", respondeu Sempronio.  Irritado,  Olimpo fez trazer uma esttua do deus Marte, e mandou a Sempronio em nome daquela falsa divindade, que declarasse os tesouros de seu amo. Olhando Sempronio com indignao ao dolo,  exclamou:  "Confunda-te Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus vivo, e faa-te em pedaos neste mesmo instante".  Imediatamente caiu o dolo a seus ps reduzido a p. Assombrou a Olimpo o milagre, e abrindo os olhos da alma,  creu que todos seus deuses eram quimeras, e que no havia outro verdadeiro Deus, seno Jesus Cristo.  Descobriu-se a Exupria, sua mulher,  que interiormente era crist; esta o confirmou sobre suas reflexes, e lhe aconselhou que se convertesse.  O fez com toda sua famlia, atendidos por Santo Estevo que, informado sobre o que se passava, instruiu-os, batizou-os e exortou-os perseverana. 

Deu-se grande alvoroo em Roma pela converso de famlias to conhecidas;  noticiado o Imperador, cheio de ira, mandou que a todos lhes tirassem a vida no mesmo dia, tendo o Santo Papa o consolo de dar a todos sepultura.  Da mesma sorte lograram doze clrigos aos quais, frente, estava o presbtero Bono.  Ordenou o Imperador que fosse preso Santo Estevo, e quis ver-lhe. Perguntou-le sem delongas se era aquele sedicioso que perturbava ao Estado, desviando o povo do culto devido aos deuses do Imprio. "Senhor, respondeu Estevo, eu no perturbo o Estado; s exorto ao povo que no renda culto aos demnios, e que adore ao verdadeiro Deus, a quem unicamente se lhe deve adorar".  "mpio, exclamou o imperador, dessa blasfmia que acabas de proferir vir tua morte!" E voltando-se aos soldados de sua guarda, acrescentou: "Quero que seja conduzido ao templo do deus Marte, e que ali seja degolado e oferecido em sacrifcio". 

Executou-se a ordem, mas to logo foi conduzido, o cu rompeu em troves, relmpagos e raios;  caiu por terra o templo do deus Marte, e fugiram todos os pagos. Ficou s Estevo com as pessoas que o haviam seguido. Retirou-se com eles a um lugar onde costumavam juntar-se e ofereceu o Divino Sacrifcio do Corpo e Sangue de Jesus. To logo acabou de celebr-lo, os soldados que o procuravam por todas as partes entraram e o degolaram sobre sua cadeira pontifical, quando exortava os cristos ao martrio.  Sucedeu isto em 2 de agosto de 257, e seu santo corpo, junto com a cadeira em que foi sacrificado, toda banhada de sangue, foi enterrado pelos cristos no Cemitrio de Calixto.  Trasladou-se sua cabea a Colnia, onde singularmente venerada.  .   

Reflexes: 

Em apenas trs anos de pontificado, Santo Estevo foi o protagonista de inmeros obstculos, perseguies e incompreenses, tambm converses, milagres e os maravilhosos feitos, ora observados junto biografia que acabamos de ler. Impressiona a sua fortssima personalidade diante das adversidades que enfrentou, dentro e fora da Igreja. Qual serpente que se move, o poder do Mal investiu e ainda investe poderosamente contra a Igreja, no s fora de seu permetro, mas especialmente dentro dele.  

Percebamos que, na questo do Batismo, Santo Estevo no deixou-se dobrar. Tinha plena conscincia de seus poderes conferidos por Cristo, o poder das chaves, o poder de atar e desatar. Iluminado pelo Esprito Santo,   no declicou da deciso em manter o Batismo como sacramento irrepetvel, aos fiis que retornavam ao seio da Igreja, mesmo que batizados por hereges.  Considerou que, obedecido o rito batismal, sob a invocao da Santssima Trindade,  no se admitiria novo batismo,   mesmo que sacramentados por mos de hereges.  Considerou Santo Estevo verdadeira heresia e sacrilgio, a invocao da Santssima Trindade pela segunda vez,  de um sacramento j consumado. Baseado nisto que, at os dias atuais, qualquer pessoa tm autoridade e o dever de ministrar o batismo crianas ou pessoas que estejam correndo srio risco de vida, enfim, que possam morrer sem auxlio de um padre para lhe ministrar este imprescindvel sacramento. Algum deixar-se batizar por duas vezes,  atravs de movimentos, seitas, denominaes ou em que circunstncia for, pecado gravssimo. No se pode brincar com o Esprito Santo, no se pode brincar com a Santssima Trindade. 

O fato que Santo Estevo, l na Igreja Primitiva, consciente disso pela luz do Esprito Santo, enfrentou forte resistncia, incialmente de So Cipriano,  depois da Igreja do oriente e em seguida dos bispos da frica.  Ele no enfrentou a resistncia de hereges, mas de homens da Igreja,  de homens santos, que enfrentaram as heresias, como foi o caso de So Cirpriano - heresia novaciana,  e que tinham opinio diversa a respeito disso.  Sucede que o que era opinio de Santo Estevo, virou resoluo oficial - ex-ctedra do Papa, que deveria ser cumprida  sob pena de excomunho.  Ora, tanto Santo Estevo, quanto a Igreja do Oriente e da frica, curvaram-se humildemente diante da determinao romana.  Alis, para So Cipriano,  a autoridade papal era incontestvel, conforme ele mesmo expressara: "A Igreja romana cadeira de So Pedro, a Igreja por excelncia, de que a unio entre os Bispos se origina e na qual inadmissvel uma traio, por menor que seja."   O excesso de So Cipriano no ardor dessa discusso, no levou a um eventual cisma extensivo ao oriente e a frica, porque os representantes da Igreja ali, compunham-se de homens verdadeiramente retos de corao. No tardou que o vento do Esprito Santo varresse do mapa qualquer dvida a respeito da deciso romana.  Dotado de zelo e ardor apostlico, postura e personalidade plantada em solo firme,  cuminou nesta falta de ponderao de So Cipriano sobre suas opinies a respeito do batismo de hegeres.  Mas curvou-se ante a autoridade de Pedro e daquele vacilo penitenciou-se na perseguio implacvel perpetrada pelo Imperador Valeriano para, finalmente,  lavar suas vestes no sangue do martrio. 

O grande exemplo de So Cripriano e de toda a Igreja do oriente e dos bispos da frica uma lio para todos os catlicos de hoje:  Em assuntos relacionados Igreja, nossa opinio de catlicos at admissvel, desde que no se contraponha ao que estabelece a Igreja Romana. Em qualquer assunto, seja qual for.  A autoridade do Papa divina,  inspirada por Deus.  S ao Papa foi dado o poder das chaves,  o poder ligar e desligar.  Ele o embaixador de Cristo na Terra, Seu legtimo representante, o chefe da Igreja Catlica,  sobre a qual a portas do inferno nunca iro prevalecer, conforme nos assegurou o Divino Mestre. 

Veja Tambm a biografia de So Cipriano, clicando aqui    

 

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* Referncias:

- Na luz Perptua,  5.  ed., Pe. Joo Batista Lehmann, Editora Lar Catlico - Juiz de Fora - Minas  Gerais,  1959.