Santo Evaristo, Papa e Mrtir

Comemorao litrgica: 14 de outubroTambm nesta data: So Calixto I, Papa; Santa Fortunata

 

Pontificado 101 a 107 d.C.

 

                                             o quinto Papa da Igreja  Catlica a receber, como  seus predecessores, a coroa do Martrio.  Foi em Roma,   numa poca em que as perseguies contra a Santa Igreja de Deus eram implacveis.  Tempos  muito aflitivos para os cristos que  pagavam  com a prpria  vida  sua recusa  em abjurar a f. 

                                             Santo Evaristo era judeu-grego de nascimento.  Seu pai chamava-se Judas,  originrio de Belm,  mas acabou fixando residncia na Grcia. Educou seu filho na doutrina e princpios judaicos.  Evaristo manifestou,  desde a mais tenra infncia,  boas disposies pela virtude e pelas letras,  fato que seu pai observou  e cuidou de  cultivar com dedicao. Assim foi progredindo Evaristo nas  cincias, de forma que tornou-se pessoa de excelentes talentos,  dentro dos seus puros e inocentes costumes.   

                                             No se sabe as circunstncias e a poca em que se converteu ao cristianismo e  nem a poca precisa em que foi para Roma, mas passou a ser conhecido como um membro do clero que destacou-se  rapidamente em santidade, reconhecida por toda a  Roma. Era um presbtero conhecido  por  acender o fervor e devoo no corao dos seus fiis, pelos seus exemplos de virtude e caridade crist.

                                             Sucedeu a So Clemente no trono pontifcio.  Apesar de resistir em assumir  o cargo,  aps declarar publicamente sua indignidade, acabou  sendo aclamado pelo clero e pelo povo como merecedor de to nobre misso. A unanimidade de opinies, portanto, fez com que fosse  consagrado Papa no ano de  101. 

                                             Logo que assumiu a  cadeira de So Pedro,  aplicou todo o seu desvelo para remediar as necessidades da  Santa Igreja, perseguida por toda a  parte, num calamitoso tempo em que a chama da heresia tentava debelar-se em territrio sagrado.  O esprito das  trevas valia-se de todos os artifcios para derramar o veneno de seus erros, particularmente, entre os  fiis de Roma.

                                             Porm,  como o Divino Mestre tinha empenhado sua palavra, de que as  portas do inferno jamais  prevaleceriam contra Sua Igreja,  disps,  em sua amorosa providncia, que ocupasse Santo Evaristo a ctedra da verdade, a fim de deter a inundao de iniqidade e  para dissipar esta multido de inimigos. Com efeito, to bem cuidou do aprisco que o Senhor lhe havia confiado, que todos  os fiis de Roma,  conservaram sempre a  pureza da f.  Ainda que a maior parte dos heresiarcas tenham concorrido para perverter a capital, o zelo, as instrues e  a  solicitude pastoral do Santo Padre foram preservativos to eficazes, que o veneno do erro jamais pde seduzir o corao de um s fiel sequer.

                                             Alm da luta contra a heresia,  empenhou-se  tambm no aperfeioamento da  disciplina eclesistica, por meio de prudentssimas regras e decretos.  Foi por sua determinao que Roma foi dividida em parquias. Essas parquias, confiadas a  diversos presbteros,  no eram  na poca igrejas pblicas,  mas oratrios de casas particulares, onde  se congregavam os cristos para ouvir a Palavra de Deus e  para assistir celebrao dos divinos mistrios.  Nas portas  destes oratrios, eram  afixadas cruzes para que fossem diferenciados dos locais profanos pblicos, que eram distinguidos por esttuas de imperadores. Tambm,  por decreto, definiu que o matrimnio fosse celebrado publicamente pelo sacerdote. 

                                             Seu infatigvel  zlo, fazia com que visitasse  as parquias pessoalmente,  sempre preocupado com a conservao de seu rebanho na pureza da f. Laboriosamente cuidava da causa das crianas e  dos escravos, com solicitude e empenho.

                                             Ainda que o imperador Trajano fosse um dos melhores prncipes dos gentios,  quer por sua pacincia como por sua moderao, nem por isto receberam os cristos melhor tratamento. Apesar de no ter firmado novo edito contra a Santa Religio,  nutria mortal averso aos cristos, no porque os conhecesse, seno pelos horrorosos retratos que cortesos idlatras e sacerdotes de dolos, pintavam na mente do imperador.  E bastava esta averso para excitar contra os cristos, o povo e os magistrados.   

                                             O trabalho apostlico de  Santo Evaristo continuava com vigor, de forma que o nmero de  fiis  crescia palpavelmente,  para insatisfao dos inimigos de Cristo.  A vinha do Senhor era regada com o sangue dos Mrtires, ostentando-se cada vez mais florida e fecunda.  Os pagos concluram que  essa fecundidade  era efeito do zelo ardentssimo do Santo Pontfice.  Aps arquitetarem  diversas  artimanhas, para pr trmo ao crescimento da religio de Cristo,  decidiram  que o meio mais eficaz para dispersar o rebanho,  seria ferir o pastor. E assim foi feito!  Fecharam-no com cadeias  e conduziram-no ao crcere para ser julgado.  Conduzido ao tribunal,  demonstrou tanta alegria ao receber sentena de morte por amor a Jesus Cristo, que os magistrados quedaram atnitos, no conseguindo compreender como cabia tanto valor e tanta constncia em um pobre velho, acabrunhado pelo peso dos anos.  Enfim,  foi condenado morte como o cabea dos cristos, no dia 26 de outubro  do ano 107,  recebendo a honra de ser mais um mrtir da Igreja Universal. 

Reflexes:

Como se explica o entusiasmo dos  Papas  pelo sacrifcio que se lhes exige?  Pelo amor  Igreja e a Cristo, que morreu mrtir por amor de todos os  homens. Amor pede amor.  Benefcio  reclama gratido. Se Jesus  nos amou a  ponto de dar a vida  para nos salvar, no o devemos tambm amar?  Se temos amor  a parentes e amigos, se gratos nos mostramos aos nossos benfeitores, porque  com Jesus  fazemos exceo?   Por que nos dias atuais,  negamos a Cristo  nosso amor, por que lhe somos ingratos  e  lhe mostramos tanta indiferena?  Que figuras mesquinhas e tristes  representamos ns, ao lado dos mrtires, com eles  nos comparando!  

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Referncia bibliogrfica: Na luz Perptua,  5.  ed., Pe. Joo Batista Lehmann, Editora Lar Catlico - Juiz de Fora - Minas  Gerais,  1959.