Comemorao litrgica: 29 de junho. Tambm nesta data: So Pedro , Santa Judite e Santa Ema. *Caindo em dia da semana a comemorao litrgica de So Pedro e So Paulo festejada no Domingo subsequente (Dia do Papa).
A converso mais extraordinria que se deu, depois da Ascenso de Nosso Senhor, foi a de Paulo. Discpulo do sbio mestre Gamaliel, era Paulo havido por homem de grande inteligncia e de esprito superior, gozando, portanto, de certa considerao na alta sociedade de Jerusalm. A sua converso inesperada, de certo causou sensao extraordinria na capital do judaismo. Conhecido de todos, como inimigo fidagal da religio de Cristo e seu cruel perseguidor, era natural que a notcia dessa converso fosse pelos Apstolos recebida com muito cepticismo e grande desconfiana. Depois do acontecimento grandioso da converso, Paulo ficou alguns dias em Damasco. Causou grande confuso entre os ouvintes, na Sinagoga daquela cidade, a narrao da viso que teve, e o ardor com que se confessava em favor de Cristo e de sua doutrina. De Damasco se dirigiu para a solido da Arbia, onde ficou trs anos, fazendo grandes penitncias e entregando-se ao estudo da religio. Passado esse tempo, voltou a Damasco, onde foi muito mal recebido pelos Judeus, que quiseram mat-lo. Vigiaram a casa onde estava e foi devido dedicao de alguns cristos, que conseguiu fugir, descendo num cesto pelo muro afora. Em Jerusalm, para onde se dirigiu ento foi-lhe difcil achegar-se aos Apstolos, que o temiam, e no disfaravam a desconfiana que lhes inspirava aquela converso. Foi por intermdio de Barnab, que Paulo conseguiu ser-lhes apresentado. Desde que os Apstolos se convenceram da verdade e solidez da converso, com eles ia a vinha em Jerusalm, procurando sempre o contato com os gentios. Os judeus, por seu turno, no lhe perdoaram a apostasia e tramaram contra sua existncia. Por esse motivo deixou Jerusalm e foi por Cesaria para Tarso, sua terra natal, onde permaneceu trs anos, pregando o nome e a doutrina de Jesus nas regies da Sria e Cilcia. Essa pregao teve por resultado a converso de muita gente. Em companhia de Barnab seguiu para Antiquia, onde fundaram a primeira comunidade crist. Achando-se a Igreja de Jerusalm em situao aflitiva, em conseqncia da guerra que lhe fazia a sinagoga, Paulo e Barnab arrecadaram esmolas, com que socorreram os irmos na metrpole. Em Jerusalm receberam ordem de continuar a pregao entre os gentios. De Antiquia dirigiram-se para a Seleucia e da foram para a ilha de Chipre. Percorrida toda a ilha at Pafos, foram chamados para junto do proconsul Srgio Paulo, homem reto que desejava ouvir a Palavra de Deus. Um mago, judeu, falso profeta, chamado Simo, procurou desvi-lo da f. Paulo, cheio do Esprito Santo, encarando-o em face disse-lhe: "Filho do diabo, inimigo de toda justia, eis que a mo de Deus te castiga; no vers mais por algum tempo a luz do sol". Logo espssas trevas o cercaram e tateava, procurando quem o guiasse. vista disto, o proconsul se converteu. De Pafos, Paulo com o companheiro, passou para Perga e de l para Antiquia. Houve tantas converses, que os judeus, enchendo-se de inveja, moveram perseguio contra os Apstolos. Estes, ento, se retiraram e foram-se para Listra, passando por Iconium. Em Listra havia um paraltico que recuperou a sade pela imposio das mos de Paulo. O povo, vendo isto, julgou estar em presena de deuses e quis dar-lhe honras divinas. Os judeus, perseguindo sempre o Apstolo, vieram de Antiquia, prenderam-no, levaram-no para fora da cidade, apedrejaram-no, deixando-o como morto. No dia seguinte, porm, seguiu para Derbia, onde ganhou muitos discpulos. Quando mais tarde voltou outra vez para Antiquia, pode contar, em grande assemblia, os progressos que a religio de Jesus tinha feito. Surgia entre os discpulos uma controvrsia, sobre a aplicao da lei da circunciso aos gentios recm-convertidos. Numa reunio que houve em Jerusalm, qual tambm compareceram tambm Paulo e Barnab, foi decidido que os convertidos do paganismo no seriam obrigados circunciso. Fazendo de Antiquia ponto de partida, Paulo e Barnab visitaram todas as cidades da sia Menor, porque tinham passado na primeira viagem. Em Troas teve Paulo uma viso: Em p, diante dele, um Macednio suplicava-lhe: "Passa Macednia, e vem em nosso socorro!" Paulo embarcou com Silas, Timteo e Lucas para Filipes. Em Filipes libertou do demnio uma empregada, que, possessa do esprito adivinhatrio, dava lucros avultados aos amos. Estes, vendo-se prejudicados seus interesses, levantaram o povo contra Paulo e Silas, arrastaram-nos diante do tribunal e disseram: "Estes homens pem em desordem a nossa cidade". A autoridade mandou-os aoitar com varas e, metidos no crcere, foram presos ao "tronco". noite, um forte terremoto abalou a cidade toda. As portas da priso abriram-se e as cadeias dos prisioneiros caram. O Carcereiro, estupefato e apavorado, fez-se batizar imediatamente com toda a famlia. De Filipes Paulo foi para Anfipolis, Apolnia, Tessalnica e Beria e da at Atenas. Em Atenas Paulo pregou aos judeus na Sinagoga, aos pagos na praa pblica. Convidado para falar no Arefago, disse Paulo: " Cidados de Atenas! Um dia destes percorrendo vossa cidade e considerando os objetos do vosso culto, notei entre outros, um altar, com a inscrio: 'Ao Deus desconhecido'. Aquele Deus a quem venerais, sem o conhecer, o que venho anunciar-vos". Quando depois passou a falar da ressurreio, uns escarneciam, outros disseram: "Falar-nos- outra vez sobre este assunto". Houve algumas converses, por exemplo a de Dionsio, membro do Supremo Tribunal. De Atenas, Paulo foi para Corinto, onde pregou o Evangelho durante um ano e seis meses. De Corinto passou para Efeso, de Efeso para Cesaria, Jerusalm e Antiquia. Em outra viagem, aps breve espao de tempo, Paulo visitou todas as Igrejas da sia . Em Efeso batizou 12 discpulos e imps-lhe as mos, chamando sobre eles o Esprito Santo, e comearam a falar lnguas e profetizar. Trs anos passou Paulo em Efeso, permanncia assinalada por muitos milagres. Curaram-se doentes, aos quais aplicaram o sudrio e a cinta de So Paulo. Inmeros demnios foram expulsos das suas vtimas. Muitos fiis vieram confessar os pecados. Os judeus no deixaram de odiar a Paulo e continuaram a persegu-lo. Antes de se despedir de Efeso e Mileto, foi So Paulo avisado pelo Esprito Santo, que em Jerusalm havia de encontrar muita tribulao; e assim aconteceu. Mal tinha chegado a Jerusalm, os judeus apoderaram-se dele e teriam-no matado , se o tribuno da corte romana no lho tivesse arrebatado das mos. Ainda assim, mandou met-lo a ferros e encarcer-lo. De noite Jesus Cristo apareceu a Paulo e lhe disse: " Coragem! Como deste testemunho de mim em Jerusalm, o mesmo fars em Roma". Como os judeus insistissem na sua condenao, o tribunal romano mandou conduz-lo de noite, com uma escolta, ao governador Felix, em Cesaria. L ficou dois anos, at que Felix teve por sucessor a Festo. Os judeus pediram a este a transferncia do prisioneiro para Jerusalm, pensando mat-lo em viagem. Festo perguntou a Paulo: "Queres ser julgado em Jerusalm, no meu tribunal?" Paulo respondeu: "Apelo para Cesar!" Festo: " Apelaste para Cesar, diante de Cesar comparecers!" Marcada a partida, Paulo tomou passagem no navio, com Lucas e muitos outros presos. A viagem foi penosssima e o navio ancorou na ilha de Creta. Paulo aconselhou a passarem o inverno l, mas essa opinio no teve apoio dos outros e continuaram a viagem. Uma grande tempestade, no alto mar, ps em perigo a vida de todos e s depois de 15 dias, cheios de aflies, abordaram a ilha de Malta. O navio despedaou-se, como predissera Paulo, mas os passageiros, em nmero de 276, chegaram praia sos e salvos. Durante os trs meses de parada na ilha de malta, Paulo curou muitos doentes dos insulares que lhe fizeram honrosas manifestaes. De Malta seguiram para Roma, onde Paulo ficou alojado em casa particular, com o soldado que o guardava. Dois anos ficou o Apstolo em Roma, fazendo bm, onde se lhe oferecia ocasio, e pregando a doutrina de Cristo. O zlo no lhe deu descanso. Passados os dois anos de cativeiro, Paulo foi Espanha; de l voltou ao Oriente, onde visitou as Igrejas de Efeso, de Crea, da Macednia e de Mileto. admirvel como o apstolo, no meio de tantos trabalhos apostlicos, teve ainda tempo para escrever 14 Epstolas a particulares e a diversas Igrejas. Dois anos foram-se com essas viagens apostlicas, quando Paulo voltou a Roma, onde era imperador Nero, o monstro purpurado. Na metrpole do imprio sofreu o martrio junto com So Pedro. Na qualidade de cidado romano, foi degolado. Era o ano 67 depois de Jesus Cristo. Uma parte das relquias de So Paulo descansam na baslica de So Pedro, ao lado das relquias do prncipe dos Apstolos. Reflexes: So Paulo chamado o Apstolo dos Gentios. realmente admirvel sua atividade na propagao da f. De perseguidor de Jesus Cristo fez-se um Apstolo da Igreja, um missionrio, o modelo dos missionrios de todos os tempos. As Epstolas de So Paulo do-nos uma imagem ntida das suas lutas, dificuldades, provaes e tribulaes de toda a sorte. Mas em tudo venceu o amor a Jesus, a Jesus crucificado. So Paulo um gigante no amor ao Salvador. "Jesus minha vida", confessa ele, e para Jesus no havia trabalho que no fizesse, dificuldade que no vencesse. No fim da vida, pde, em verdade, dizer: "Combati o bom combate, terminei a carreira e conservei a f". Para que possamos afirmar a mesma coisa, preciso que imitemos o grande Apstolo no imenso amor a Jesus e Santa Igreja. preciso que com ele, sacrifiquemos a nossa carne., demos desprezo ao mundo, tenhamos amor aos nossos irmos, sejamos castos e puros, e da nossa vida faamos um hino de louvor a Deus. Destarte, seremos herdeiros da coroa, que nos dar o justo juiz no dia da recompensa. * * * * * * * * * Referncia bibliogrfica: Na luz Perptua, 5. ed., Pe. Joo Batista Lehmann, Editora Lar Catlico - Juiz de Fora - Minas Gerais, 1959. |