So Pio V, Papa  

Comemorao Litrgica:  30 de abril.  Tambm nesta data:   So Loureno Novara, Santas Ildegarda e Sofia

 

Pontificado - 1565 a 1572

 

                                                   Pio V nasceu em 1504 em Bosco, Itlia, de nobre famlia Ghislieri. No santo Batismo deram ao filho o nome de Miguel. Menino ainda, deu Miguel indcio de vocao sacerdotal, distinguindo-se sempre por uma piedade pouco vulgar.

                                                   Seguindo a sua inclinao, entrou na Ordem de S. Domingos, na qual ocupou diversos cargos de Superior. Igualmente distinto em santidade como em cincia, foi Miguel nomeado inquisidor, cargo este que desempenhou com grande competncia. Muitas cidades e regies inteiras lhe devem terem ficado livres da peste de heresia.

                                                   Reconhecendo-lhe o valor e os grandes mritos, o Papa Pio IV conferiu-lhe a dignidade de Bispo e Cardeal da Igreja Catlica. O conclave, reunido por ocasio da morte de Pio IV, elevou-o ao pontificado.

                                                   Como Papa, desenvolveu Pio V uma atividade admirvel, para o bem da Igreja de Deus sobre a terra. Foi um pontificado dos mais abenoados. Exemplarssimo na vida particular, ardente de zelo pela glria de Deus e a salvao das almas, possua Pio V as qualidades necessrias de um grande reformador. impossvel resumir em poucas linhas o que este grande Papa fez, pela defesa da verdadeira f, pela exterminao das heresias e pela reforma dos bons costumes na Igreja toda. Incansvel mostrou-se em restabelecer a disciplina eclesistica, em defender os direitos da Santa S, em remover escndalos, erros e heresias, em particular a causa dos oprimidos e necessitados. Cumpridor consciencioso do dever, no se fiava na palavra de outros, quando se tratava do governo de Igreja ou da disciplina. Ele mesmo, em pessoa se informava, queria ver, ouvir para depois formar opinio prpria e resolver os casos em questo. De mximo rigor usava contra a imoralidade pblica; prostitutas queria ele que fossem enterradas, no no cemitrio, mas no esterquilnio. Deu leis severas contra o jogo e proibiu as touradas, como contrrias piedade crist. Em 1566 publicou o Catecismo Romano, obra importantssima sobre a doutrina catlica. Deve-lhe a Igreja tambm a organizao oficial e definitiva do Brevirio e do Missal.

                                                   No s mandou embaixadores a todas as cortes crists europias, mas, por sua ordem, muitos homens percorreram a Frana, os Pases Baixos, a Alemanha e a Inglaterra em defesa da f catlica, que seriamente periclitava, principalmente naqueles pases.

                                                   Infelizmente sua campanha contra Isabel, rainha da Inglaterra, cuja destronizao chegou a decretar sem pod-la tornar efetiva, causou muitos sofrimentos e perseguies aos catlicas ingleses. A Companhia de Jesus, cuja fundao contempornea desse pontificado, achou em Pio V um grande protetor.

                                                   Ameaava grande perigo Igreja, como Europa toda, da parte dos turcos, cujo imperador jurara exterminar a religio crist. Pio V envidou todos os esforos, fez valer toda sua influncia junto aos prncipes cristos para conjurar essa desgraa iminente. Para obter de Deus que abenoasse as armas crists, ordenou que se fizessem, em toda a parte da cristandade, preces pblicas, particularmente o tero, procisses, penitncia. Paralelamente, em 1570,  os otomanos, de notvel poderio militar, apoderaram-se do Santo Sepulcro em Jerusalm e no permitiam a visita dos cristos.  O prprio Papa, em pessoa, tomou parte nesses exerccios extraordinrios, impostos pela extrema necessidade. Organizou uma Cruzada, cujo comando entregou a Dom Joo da ustria, que era irmo  de Carlos V,  Imperador do Sacro Imprio Romano. Aconteceu a Batalha Naval no Golfo de Lepanto. A armada turca, com poderio militar que ultrapassava o dobro dos navios dos cruzados, incidiu ferozmente para destruir os cristos. Os chefes cruzados ajoelharam e suplicaram a intercesso de Nossa Senhora. Por intercesso de Maria Santssima, foram inspirados pelo Esprito Santo a rezar o Tero como nica forma de enfrentar e vencer o inimigo e assim o fizeram. O xito foi glorioso. A vitria dos cristos em Lepanto (1571) foi completa. As festas de Nossa Senhora da Vitria e do SS. Rosrio perpetuam at hoje a memria daquele clebre fato. No momento em que a batalha se decidia a favor dos cristos, teve o Papa, por revelao divina, conhecimento da vitria e imediatamente convidou as pessoas presentes a dar graas a Deus. Era seu plano organizar uma nova campanha contra os turcos, mas uma doena dolorosa no lho permitiu p-la em execuo. A doena  era o prenncio da morte, para a qual Pio se preparou com o maior cuidado. Quando as dores ( causadas por clculos renais) chegavam ao auge, exclamava o doente: Senhor ! aumentai a dor e dai-me pacincia !. Mandou que lhe lessem trechos da Sagrada Paixo e Morte de Nosso Senhor, e continuamente se confortava com a citao de versos bblicos e jaculatrias, at que a morte lhe ps termo vida, to rica em trabalhos, sofrimentos e glrias. Antes, porm, havia institudo, como agradecimento pela vitria em Lepanto, a festa de Nossa Senhora das Vitrias. (Dois anos mais tarde, o Papa Gregrio XIII, seu sucessor, lembrando que a vitria de Lepanto foi mais uma vitria do Rosrio, mudou o nome da festa para Nossa Senhora do Rosrio.)

                                                   Pio V morreu em 15 de maio de 1572, tendo seu pontificado durado seis anos e trs meses. No h virtude que este grande Papa no tenha exercitado. Todos os dias celebrava ou ouvia a Santa Missa, com o maior recolhimento. Ternssima devoo tinha a Jesus Crucificado. Todas as oraes fazia aos ps do Crucificado, os quais inmeras vezes beijava.

                                                   Certa vez que ia beij-los, conforme o costume, a imagem retirou-se, salvando-o assim de morte certa. Pessoa m tinha-os coberto de um p levssimo e venenoso. Numa quinta-feira Santa, quando realizava a cerimnia do Mandatum, entre os doze pobres havia um, cujos ps apresentavam uma lcera asquerosa. Pio, reprimindo uma natural repugnncia, beijou a ferida com muita ternura. Um fidalgo ingls, que viu este ato, ficou to comovido, que, no mesmo dia, se converteu Igreja Catlica.

                                                   Pio era to amigo da orao, que os turcos afirmaram ter mais medo da orao do Papa, do que dos exrcitos de todos os prncipes unidos. orao unia rigor contra si mesmo: a vida era-lhe de penitncia contnua. Trs vezes somente por semana comia carne e ainda assim em quantidade diminutssima.

                                                   Grande amor mostrava aos pobres e doentes. Entre os pobres, gozavam de preferncia os nefitos. Pouco aproveitavam os parentes. Quando, em certa ocasio, algum lhe lembrou de subvencionar mais os parentes, Pio respondeu: Deus fez-me Papa para cuidar da Igreja e no de meus parentes.

                                                   Seguindo o exemplo do divino Mestre, perdoava de boa vontade aos inimigos e ofensores. Nunca se lhe ouviu da boca uma palavra spera.

                                                   Pio empregava bem o tempo. Era amigo do trabalho e todo o tempo que sobrava da orao, pertencia s ocupaes do alto cargo. Algum lhe aconselhara que poupasse mais a sade, e tomasse mais descanso. Pio respondeu-lhe: Deus deu-me este cargo, no para que vivesse segundo a minha comodidade, mas para que trabalhasse para o bem dos meus sditos. Quem governador da Igreja, deve atender mais s exigncias da conscincia que s do corpo.

                                                   Pio V foi canonizado por Clemente XI. O corpo descansa na Igreja de Santa Maria Maggiore.

Reflexes:

1. Causa-nos admirao ver em S. Pio uma grande severidade contra si prprio, tanto amor ao prximo e uma piedade quase sem limites. So estas justamente as virtudes que distinguem os discpulos de Jesus Cristo. Sofrer com pacincia, ter caridade para com o prximo, perdoar aos inimigos, so coisas que o imitador de Jesus deve aprender, custe o que custar.

2. Deus fez-me Papa para que cuide da Igreja, no, porm, para que me preocupe com os laos que me prendem famlia. Deus chamou-me a este estado, no para que me entregasse a uma vida cmoda, mas para que fosse til aos fiis. Assim falava S. Pio, ao subir ao trono pontifcio. Qual e o destino que Deus nos deu a ns ? No fomos criados para que lhe sirvamos, o amemos e trabalhemos pela nossa salvao ?

3.  No deve ser a nossa vida um constante servio de Deus ? Quando nos resolvemos a por em prtica o que tantas vezes afirmamos pela boca ? Quando ser que a nossa vida deixar de ser, como at hoje foi, um servio reservado e exaustivo ao mundo, em vez de pertencer a Deus ? Quando comearemos a interessar-nos tanto pelo cu, como nos interessamos pela terra ? Quando comearemos a ser servidores da virtude, como temos sido at agora servidores do pecado e do vcio?  Quando nos decidiremos a seguir o exemplo de So Pio V e de toda frota a combater o poder das trevas, fazendo das contas do Santo Rosrio nossa arma cotidiana?

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Referncia bibliogrfica: Na luz Perptua,  5.  ed., Pe. Joo Batista Lehmann, Editora Lar Catlico - Juiz de Fora - Minas  Gerais,  1959.