So Silvestre I, Papa

Comemorao litrgica: 31 de dezembroTambm nesta  data Santa Catarina  Labour; Santa Melnia 

 

 

So Silvestre I (Pontificado:  314 - 355)

 

So Silvestre encerra  o ano civil. Ele encerra tambm , na histria da  Igreja uma poca importante e  inicia uma nova era. Durante trs sculos a  Igreja de Deus esteve exposta  s mais cruis  perseguies. 

O imprio romano empregava  todo o seu poder para aniquilar o reino de Deus; o sangue  corria em torrentes. Esforavam-se em regra para inventar  novos tormentos.  Alm disso, astcia, lisonja, sedues,  tudo quanto pode cegar os sentidos, tudo o que  a  arte e a cincia terrenas podem proporcionar, estava a servio  desta luta - e tudo debalde.  A Igreja permaneceu ilesa, a despeito de todos  os planos, afrontando tudo. Os seus membros morriam aqui e ali, mas a Igreja  continuava a viver, e sempre novos elementos entravam, para preencher as lacunas. Por fim o imprio  romano se  curvou diante  de Cristo e colocou  a Cruz  sobre o  seu diadema  e o sinal de  Cristo sobre a gua de suas legies. Cristo tinha vencido na possante  peleja, e o Papa Silvestre I  viu como  tudo mudava. Viu o suplcio da cruz ser abolido. Viu  cristos confessarem livre e  francamente a  sua f e  erigirem casas de Deus.  Viu o prprio  imperador Constantino edificar o palcio (Lateranense), que  durante muitos  sculos  foi a residncia do  Vigrio de Cristo. 

Sobre a vida  interior    exterior do Papa S. Silvestre a  histria  muito  pouco de positivo revela, se bem que  como certo afirme, que tenha  ele  sido  a  alma dos grandes acontecimentos  verificados  no seu longo Pontificado. 

Segundo  o testemunho de  historiadores fidedignos Silvestre  nasceu em Roma, filho de pais  timos  cristos, que bem cedo o confiaram   aos cuidados  do sacerdote Cirino, cujo preparo intelectual e exemplo de  vida santa  fizeram  com que  o discpulo adquirisse uma formao extraordinariamente slida crist.  Estava  ainda  em  preparao ltima, isto ,  a  dcima  e de todas as  mais  brbaras das perseguies dioclesianas, quando Silvestre, das mos do Papa Marcelino, recebeu  as  ordens  sacerdotais.   Teve, pois,  ocasio de presenciar os horrores  desta investida do inferno contra o Reino de Cristo. Pode  ele  ser e foi testemunha ocular do herosmo das pobres vtimas do furor  desmedido do  tirano coroado. Em 314,   por  voto unnime do povo e  do clero foi proposto  para ocupar a  cadeira de So Pedro, como sucessor do papa Melquades.  

Com a vitria  do cristianismo e a converso do  imperador  Constantino viu-se o Papa diante da  grande tarefa de, por meio das sbias leis, introduzir  a religio crist na vida dos povos, dando-lhe formao concreta e definitiva. A paz,  infelizmente no foi de longa durao.  Duas terrveis  heresias se levantaram contra a Igreja, arrastando-a  para uma  luta gigantesca  de  quase um sculo de  durao. Foi a dos  Donatistas, que tomou grande incremento na frica.  A Igreja, ensinavam eles,  deve compor-se  s de justos; no momento em que  seu grmio tolera pecadores, deixa de ser a Igreja de  Cristo.   O batismo administrado por um sacerdote que em estado de pecado se acha, invlido. Um bispo, se estiver com um pecado na alma, no pode crismar nem ordenar sacerdotes.  Caso que administrar estes sacramentos, so eles  invlidos.  

Pior e mais  perigosa foi a outra heresia, propalada pelo sacerdote  Ario, da Igreja  de Antioquia.  Doutrinava  este  heresiarca que a Jesus  Cristo, Filho de Deus  feito homem, faltavam as  atribuies  divinas; isto ,  no era  consubstancial  ao Pai, portanto no era Deus, mas mera criatura, de essncia diversa  da  do Pai e de  natureza mutvel. 

Tanto contra a primeira como contra a segunda o Papa Silvestre tomou enrgica atitude. A dos  Donatistas foi condenada  no Conclio de Arles. O arianismo teve  sua condenao no clebre Conclio de  Nicia (325), ao qual compareceram  317 bispos. O Papa Silvestre, j muito idoso pessoalmente no podendo comparecer grande Assemblia, fez-se  nela representar por dois sacerdotes de  sua inteira confiana, que em seu lugar presidiram  as sesses. Estas  terminaram  com a solenssima proclamao dogmtica  da frmula: " O Filho  consubstancial ao Pai; Deus de Deus; Deus verdadeiro de  Deus Verdadeiro;  gerado, no feito, da mesma  substncia  com o Pai". 

  As resolues do Conclio o Papa Silvestre as  assinou. Na presena de 272 bispos foram as mesmas  em  Roma solenemente  confirmadas. Esta cerimnia teve lugar diante da imagem de  Nossa Senhora  Alegria dos Cristos, cujo altar, em sinal de gratido Maria Santssima o Papa mandara erigir logo que as perseguies tinham chegado ao seu termo.    

Sobre o tmulo de So Pedro, o Papa, auxiliado  pelo imperador, construiu  a  magnfica baslica vaticana,  com suas  oitentas  colunas de mrmore,  templo que durante 1100 anos  via chegar  milhares e  milhares de  peregrinos  provenientes de  todas as  partes do mundo, ansiosos  de  prestar  homenagens ao "Rochedo", sobre o qual  Cristo tinha  edificado a sua Igreja - at que deu lugar atual grandiosa Baslica de  So Pedro. 

Durante seu Pontificado, o Papa Silvestre governou a Igreja de Deus dando sobejas provas de prudncia e  sabedoria, glorificando-a com as virtudes  de  uma vida  santa e apostlica. 

Reflexes: 

As coisas sempre se repetem na histria. Plena paz  sobre toda a terra o reino de Deus jamais  desfrutou. O inferno tem-lhe dio demais para o deixar sossegado. H de empregar sempre o seu poder para combater contra este reino. Despertar  ora aqui, ora ali, perseguidores, que recomearo a  obra dos antigos imperadores romanos e sempre com o mesmo xito. 

No estamos vendo em  nossos  dias como se persegue  a  Igreja violentamente?  Muitos ho de tremer e exclamar:  Aonde vai parar isto?  Assim grita  tambm aquele  que, pela primeira vez, assiste a uma tempestade no mar. Quando v as ondas se elevarem  altura de uma casa, quando o navio atirado ora para este, ora para aquele  lado,  ora sobe  para o cu,  ora parece precipitar-se no abismo, ele  julga que tudo est perdido, que chegou a sua ltima hora. O piloto experiente, por'm, senta-se calmamente em seu posto e dirige o navio, apesar do tumulto da tempestade e eis que o temporal amaina e depois do perigo passado a viagem   tanto mais bela. 

Quem sabe o que traz o ano novo?  E se trouxer  luta e perseguio, Deus vive ainda mais nos tempos antigos. E vem de novo um Papa  como Silvestre, que v as lutas j passadas e  se  senta em paz  sobre a S de Pedro.   Jamais devemos tornar-nos  pusilnimes. No  confiemos em nossa  fora;  o nosso  auxlio est  no Nome do  Senhor, que  criou  o cu e a  terra. 

Na  verdade,   no devemos por isso  cruzar os braos e pensar:  Deus h de arranjar isso. Certamente Deus h de arranjar tudo;  mas Ele quer  que ns tambm faamos o que de ns depende e quer abenoar  nosso trabalho. Ele quer  que defendamos com fidelidade  e  firmeza a nossa  Igreja;   quer  que  tomemos  parte  em todas as  suas lutas e seus  sofrimentos, que pelejemos juntamente com ela, para com ela  vencer. Ele  quer  abenoar, mas quer tambm que o lavrador plante e cultive. Se o mesmo  deixa de faz-lo, a bno de Deus em vo, o campo s produz  erva daninha. E se o homem  ou o povo deixa de viver com a Igreja, esta  certamente  no perecer, a Palavra do Senhor  no-lo  garante, mas aquela  parte pode muito bem ser devastada.  No temos  os mais tristes  exemplos  na sia e na frica?   Aqueles  pases em torno do Mediterrneo, que pertenciam ao  Imprio  Romano, eram por assim  dizer, o jardim da Igreja.  

Basta lembrar-nos de  Atansio, Baslio, Crisstomo, Cipriano e Agostinho!  Onde a Igreja  produziu mais belas flores?   E agora?  Agora tudo deserto. Por que?  Porque os povos no tinham  vivo interesse pela Igreja, no a defendiam, no viviam, no  amavam,  no sofriam, no lutavam com ela.   Assim acontece  sempre e por toda a  parte. Por  isso, permaneamos  fiis  nossa Igreja!   Defendamo-la decididamente!

A Vs, adorvel  Senhor, recomendamos  a vossa  Santa Igreja no ano novo! Guardai-a  sob vossa  proteo!  Amparai-a  e  dai-lhe  paz!  Abenoai seu trabalho  junto dos  seus  filhos e tambm das ovelhinhas  que ainda no esto no aprisco do Divino Pastor, mas precisam  ainda ser trazidas para a.  Protegei  e  esclarecei  nossos bispos,  sacerdotes, religiosos e  religiosas  e todos aqueles  que  se consagraram ao vosso  servio.  Amm!

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 Referncia bibliogrfica: Na luz Perptua,  5.  ed., Pe. Joo Batista Lehmann, Editora Lar Catlico - Juiz de Fora - Minas  Gerais,  1959.