Comemoração litúrgica: 07 de janeiro. Também nesta data: Santos Luciano e Teodoro Legislador da Ordem de Nossa Senhora das Mercês (O fundador é São Pedro Nolasco)
A fama do seu grande saber espalhou-se por toda a Itália. Berengário, bispo de Barcelona, convidou-o para voltar à sua diocese. Possuindo toda a confiança do Prelado, foi por este nomeado vigário geral. Com 45 anos de idade, entrou na Ordem de São Domingos, distinguindo-se nela tanto pela prática das virtudes, como pela ciência. Chamado a Roma pelo Papa Gregório IX, foi confessor do mesmo por muitos anos. Vendo que no palácio papal os pobres não eram tratados e servidos com a atenção a que tinham direito, impôs ao ilustre penitente interessar-se pessoalmente por esta parte do rebanho. Por ordem do Papa, Raimundo editou uma obra importantíssima de direito eclesiástico, conhecida sob o nome de decretais de Gregório IX. Para recompensá-lo de tantos trabalhos e merecimentos, Gregório IX nomeou-o arcebispo de Taragona, distinção esta de que se julgou tão indigno, que pediu exoneração do cargo. Uma doença gravíssima levou-o quase à beira do túmulo. Com licença dos superiores, voltou para a sua terra. Raimundo escreveu a regra da nova Ordem Nossa Senhora das Mercês e Redenção dos Cativos, cujo primeiro geral foi São Pedro Nolasco. Morto o Geral da Ordem de São Domingos, Frei Jordão, os religiosos deram os votos a Raimundo, para ser o novo superior. Dois anos ocupou este cargo, quando pediu exoneração, para poder dedicar-se mais à obra de sua própria santificação. Avisou ao rei do perigo que havia na parte dos Albigenses (facção da seita dos cátaros, que pregavam o maniqueísmo) e conseguiu a expulsão dos mesmos. Para chamar a Cristo os Judeus e mouros, fundou dois seminários em que o ensino era dado em hebraico e árabe. Teve a satisfação de poder comunicar ao seu superior, que 10.000 mouros tinham recebido o batismo. Muitos e grandes milagres obrou Deus por meio do seu servo, dos quais o mais conhecido é o seguinte: Jaime I, rei de Aragônia, era penitente de Raimundo. Numa viagem que ia fazer à Ilha Majorca, desejava ter seu confessor como companheiro. No mesmo trajeto, o rei levou uma mulher, com a qual tinha relações ilícitas. Raimundo muito lhe pediu que a despedisse, no que o rei prometeu atendê-lo, mas a mulher ficou. Chegados a Majorca, Raimundo fez a sua permanência na côrte depender do afastamento da concubina da casa real; no caso contrário, voltaria para Barcelona . Jaime ordenou a todos os barqueiros e proprietários de navios que, sob pena de morte, nenhum se atrevesse a transportar o frade para a Espanha. Raimundo, ignorando a ordem do Rei, dirigiu-se ao porto, para embarcar num daqueles navios que iam para o continente, mas não achou entre os marinheiros quem o quisesse transportar. Adiantou-se então o santo homem até um rochedo, que estava mais para dentro do mar, tomou a capa, estendeu sobre a água, tomou o bastão, fez o sinal da cruz e pôs-se sobre a capa, como se entrasse numa barca. Chamou um companheiro para que fosse com ele. Este, porém, não teve o ânimo de seguí-lo e, estupefato, presenciou aquele singular embarque. Raimundo pôs então o bastão no meio, levantou uma parte da capa a modo de vela, uniu-a com a extremidade do bordão e começou a navegar. Em seis horas fez a viagem até barcelona percorrendo uma distância de 160 milhas. Chegando a Barcelona, saltou em terra, tirou a capa, que estava enxuta, e foi para o convento. Nele entrou, apesar de estar com todas as portas fechadas. O rei, sabendo o que tinha acontecido, caiu em si e mudou de vida. Por isso, a iconografia cristã assim o representa: Navegando sobre as águas, usando como embarcação sua capa, erguida com seu cajado para servir de vela. Raimundo, pressentindo a morte, preparou-se com muito cuidado, redobrando as orações e penitências. Durante a última doença, recebeu a visita dos reis de Castilha e Aragônia, que lhe imploraram a bênção. Com quase cem anos de idade, Raimundo entregou o espírito a Deus, a 7 de janeiro de 1275. REFLEXÕES: São Raimundo negou-se peremptoriamente a permanecer na companhia do rei, que não quis deixar a má vida. O Santo preocupava-se com o escândalo que proviria de sua permanência, que implicaria numa aparente aprovação do mau procedimento do monarca. Quais são os teus princípios neste particular? A convivência com os maus, corrompe os bons. Maus costumes e exemplos tem um quê de contagioso. Por isso é necessário afastar-se desse ambiente. Os maus, vendo a complacência dos bons, firmam-se ainda mais no pecado e perdem por completo o temor de Deus. Prudente é, pois, imitando o exemplo de São Raimundo, fugir da convivência com os pecadores. * * * * * * * * * TÓPICOS RELACIONADOS
Referência bibliográfica: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico - Juiz de Fora - Minas Gerais, 1959. |