Comemoração Litúrgica: 24 de junho. Também nesta data - So Fausto e So Firmo
As festas dos Santos so geralmente o aniversrio da morte, isto , da despedida do mundo e do nascimento para a vida eterna. So Joo Batista faz exceo desta regra, pelo motivo de ter vindo ao mundo em estado de santidade, isento da lei do pecado original. Sabemos que seu nascimento foi um acontecimento extraordinrio, acompanhado de fatos igualmente extraordinrios, como o relatam os santos Evangelhos. A narrao bblica do nascimento do Precursor de Jesus Cristo, feita sob a inspirao do Divino Esprito Santo, to clara e circunstanciada, que no h mister acrescentar coisa alguma. Em Hebron, nas montanhas da Judia, oito milhas alm de Jerusalm, vivia um casal - Zacarias e Isabel. Ambos justos diante do Senhor. No tinham filhos, o que muito os afligia, e eram j idosos. Zacarias, sacerdote, um dia em que estava desempenhando seu ministrio no templo de Jerusalm, entrou no santurio para queimar o incenso, enquanto o povo orava no adro. Apareceu-lhe ento, direita do altar dos perfumes um Anjo. Zacarias ficou atnito. O Anjo, porm, lhe disse: "No temas Zacarias, porque Deus ouviu a tua orao. Tua mulher dar-te- um filho, a quem dars o nome de Joo. Grande ser a tua alegria e muitos se regozijaro pelo nascimento do menino, porque ser grande diante do Senhor. No beber vinho, nem bebida alguma fermentada, e ser cheio do Esprito Santo. Reconduzir os filhos de Israel, em grande nmero, a Deus. Ele prprio o preceder em esprito e com o poder de Elias, a fim de preparar ao Senhor um povo perfeito". Zacarias disse ao Anjo: "Como saberei com certeza que isto vai dar? J estou velho e minha mulher j vai adiantada em anos". Respondeu-lhe o Anjo: "Eu sou Gabriel e meu lugar diante de Deus. Ele que me manda trazer esta feliz nova. Mas como no deste crdito a estas minhas palavras, ficars mudo, at o dia em que tudo isto se cumprir". Fora, o povo se admirava da longa demora de Zacarias no santurio. Afinal este saiu, sem poder falar. Por sinais deu a compreender que tivera uma viso. Acabando os dias do servio, foi para casa. Tudo o que o Anjo predissera se cumpriu ao p da letra. Seis meses depois, o mesmo Anjo Gabriel foi mandado por Deus cidade da Galilia, chamada Nazar, a Maria Santssima, para comunicar-lhe que tinha sido escolhida para ser Me do Salvador. Disse-lhe tambm que sua prima Isabel, apesar de idosa e estril, tinha concebido um filho, porque a Deus nada era impossvel. Maravilhada pelos acontecimentos extraordinrios, cheia de gratido a Deus, que coisas to maravilhosas operara, Maria ps-se a caminho e, pressurosa, foi casa da prima. Esta, ouvindo a voz de Maria, ficou cheia do Esprito Santo e exclamou: "Bendita sois entre as mulheres e bendito o fruto do vosso ventre! De onde me vem a felicidade de ser visitada pela Me do meu Senhor? "Logo que chegou a meus ouvidos a voz da vossa saudao, o menino saltou de prazer no meu ventre! Bem-aventurada sois por teres criado! Pois tudo que vos foi dito da parte do Senhor, se realizar". opinio unnime dos Santos Padres, que os sinais de prazer que Joo deu, antes do nascimento, foram causados pelo fato do Precursor, por uma graa especial de Deus, ter conhecido a presena do Senhor e lhe haver prestado homenagem de adorao. Dizem mais, que ao mesmo momento, teria Joo sido santificado, como o Anjo prometera. Chegada a poca, Isabel deu luz um filho. Sabendo os vizinhos e parentes desse grande favor, que lhe fizera Deus, correram todos jubilosos a felicit-la. No oitavo dia se reuniram para a circunciso da criana e propuseram, que lhe fosse dado o nome do pai. A me, porm, ops-se e disse: "No; deve chamar-se Joo". Disseram-lhe: "Mas, na tua famlia no h pessoa desse nome". Isabel, porm, insistiu que ao menino fosse dado o nome de Joo. Ento, fizeram sinal ao pai, para que manifestasse a sua opinio. Zacarias pediu uma tabuinha para escrever e escreveu: "Joo o seu nome". Ficaram todos admirados. No mesmo instante desatou-se-lhe a lngua e Zacarias falou, bendizendo a Deus. Cheio do Esprito Santo, entoou um dos cantos mais belos que a liturgia conhece, e que faz parte do Ofcio que os sacerdotes da Igreja diariamente oferecem a Deus - "Bendito seja o Senhor de Israel, porque visitou seu povo e o resgatou. Suscitou um Salvador poderosos, na casa de seu servo Davi, como tinha prometido por boca dos profetas..." E dirigindo-se ao filhinho, disse: "E tu, menino, sers chamado profeta do Altssimo, porque irs ante a face do Senhor, preparar-Lhe os caminhos..." Tendo cincia desses acontecimentos, toda a regio vizinha se impressionou e por toda a parte, nas montanhas e nos vales da Judia, se contava estas maravilhas e cada qual dizia: "Que ser um dia deste menino?" De fato, a mo do Senhor estava com ele. Alguns dos Santos Padres so de opinio, que Isabel procurou com o filhinho o deserto, para salv-lo da perseguio e crueldade de Herodes. Outros dizem que Joo, tendo apenas cinco anos, levado pelo Esprito Santo, foi para o deserto, com o intuito de santificar-se ainda mais e preparar-se para a alta misso que Deus lhe dera. Os Santos dos Evangelhos dizem-nos alguma coisa sobre a vida de So Joo no deserto. Trajava vestes de pele de camelo, cingidos os rins com cintura de couro, e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. Levava uma vida de orao e de penitncia. Diz Santo Agostinho que em Joo o mundo, pela vez primeira, teve o exemplo mais tarde imitado pelos eremitas. "Que sastes a ver no deserto?" perguntou Jesus Cristo s turbas. "Uma cana agitada pelo vento? Mas, que sastes a ver? Um homem regaladamente vestido? Eis os que se vestem com regalo, esto nos palcios dos reis. Mas, que sastes a ver? Um profeta? Sim, digo-vos, e mais que profeta. Porque este aquele do qual est escrito: eis que eu envio meu Anjo diante de ti, que preparar teu caminho. E eu vos declaro: Que entre os nascidos de mulher, no h maior profeta que Joo Batista". Essas palavras do Divino Mestre contm o maior elogio que o homem jamais recebeu, e so equivalentes a uma formal canonizao, a nica que o Filho de Deus em vida pronunciou. Tendo trinta anos de idade, recebeu So Joo ordem divina para sair do deserto e encetar sua misso, que era de pregar os caminhos ao Messias. Joo Batista percorreu toda a regio do Jordo pregando o batismo de penitncia, para a remisso dos pecados. Vieram, ento, de Jerusalm e de toda a parte da Judia, grandes turbas. Todos se faziam batizar por ele no Jordo, confessando os seus pecados.
No dia seguinte, diz o Evangelista, Joo viu aproximar-se Jesus e disse: "Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo". Com essas palavras foi apresentado ao mundo o Messias, como tinha profetizado Isaas. O que mais aconteceu ao glorioso Precursor, at a morte do martrio, o leitor encontrar no captulo da degolao de So Joo Batista. (29 de agosto) Reflexes: Que nestas reflexes encontrem sabedoria, consolo e edificao as senhoras casadas e que, como a Santa Isabel, faz sofrer as tristezas da esterilidade. No devem esquecer-se das angstias do parto, que no raras vezes equivalem a uma verdadeira agonia, e da srie infinita de trabalhos, de cuidados e preocupaes, que acompanham infalivelmente a educao dos filhos. Ningum prev o futuro; mas se pudssemos ter a cincia do rumo que a vida dos homens vai tomar, quantas senhoras no desejariam hoje nunca ter tido filhos! Filhos pequenos, pequenos cuidados; filhos crescidos, cuidados dobrados! Quantos filhos, cujo advento era a prece constante o desejo mais ardoroso dos pais, no corresponderam s esperanas que neles se colocara e, longe de serem a honra dos progenitores, vieram a ser sua vergonha, humilhao e desgraa. mais que justificado o desejo da bno da maternidade. A criana muitas vezes o anjo pacificador do lar; mas exemplos no faltam e no so poucos, que atestam o contrrio. Em muitos casos isso se deve culpa dos prprios pais, em outras, para nossa perplexidade, no seio de famlias boas e bem estruturadas. Em ambos os casos, a orao deve ser a principal arma para derrotar tal circunstncia. Lembremo-nos que Santa Mnica derramou lgrimas e rezou por 30 anos anos consecutivos implorando ao Senhor a converso do seu filho. Deus atendeu seu pedido e tocou naquele corao desregrado, de forma que, convertido, empreendeu grandes obras para a edificao da Igreja de Cristo, vindo a tornar-se uma das grandes colunas de Igreja: Santo Agostinho de Hipona. O respeito, o amor, o cumprimento dos Mandamentos da Lei de Deus e da Igreja, so coisas que devem cultivadas desde tenra idade. Ai dos pais que do liberdade excessiva aos filhos e no os conduzem pelo caminho da virtude. Devemos pedir a intercesso de So Joo Batista, cuja retido, personalidade e carter incita poderosamente na alma o desejo ardente em consagrar nossos filhos a Deus, os quais queremos ver preservados de tantas distores e imundcies que o mundo atual lhes oferece. Os casais que sofrem o drama da esterilidade, devem procurar todos meios lcitos para tentar reverter tal situao, confiando, sobretudo, na Providncia Divina. Existem bons mdicos e medicamentos nessa rea, que podero auxiliar no tratamento adequado para cada caso. Sendo, porm, algo crnico ou irreversvel, coloquemo-nos resignadamente aos desgnios de Deus, principalmente na prtica da virtude e da orao. Qualquer que seja o motivo que determine a ausncia de filhos, o casal se conforme com este estado de coisas, quando no se lhes depara outro remdio. O homem contemporneo, porm, parece ter se esquecido dos valores primordiais da vida. A cincia atual, que tantos benefcios proporciona diariamente humanidade, muitas vezes por no querer ouvir a Igreja, penetra agora em sendas obscuras, onde a tica e a moral so postas deriva por orgulho e sensao de auto-suficincia. E, para reforar o assunto em tela, no verdade que reside a tentao, mesmo junto aos casais que se julgam mais esclarecidos, recorrer a mtodos artificiais condenados pela Igreja, ora para evitar filhos, ora para vencer a esterilidade, deixando de lado os mistrios e os desgnios que a Providncia Divina nos coloca no caminho? Em nome do que chamam de "progresso cientfico", os estudos e procedimentos de fertilizao a qualquer preo parecem prevalecer. Muitos casais estreis, tapando olhos e ouvidos Igreja, perseguem obsessivamente a gestao e submetem-se qualquer tipo de mtodo para satisfazer seu prprio desejo, seu ego. Do de ombros com o "... seja feita a Vossa vontade" do Pai-Nosso; em detrimento de tantas e tantas crianas nos orfanatos que, ansiosamente, aguardam a eventual chegada de um pai e uma me que os acolha. A voz dos bebs, crianas e adolescentes, dos orfanatos sobe aos cus clamando por justia junto ao trono de Deus. E neste cenrio global, acentuam-se sistemticos ataques ao Papa pela condenao dos mtodos artificiais de fertilizao, de contracepo, tambm das escandalosas pesquisas envolvendo clulas-tronco embrionrias e da clonagem humana, cujo terreno foi maliciosamente bem preparado pela cincia h anos. Ai de ns, ai de ns, se formos cmplices ou defendermos a cincia nesse aspecto, fechando nossos ouvidos ao que a Igreja diz. Se ao mundo apoiamos, somos co-responsveis e participantes diretos nessas prticas artificiais absurdas, que o mundo oferece sutilmente como grandes conquistas cientficas, sem querer se aperceber do grave pecado que tudo isso constitui. Pecado, portanto, na mesma proporo grave para tanto para o cientista, legislador, ou para qualquer um de ns, seja pela conivncia, apoio ou pela prtica. So Zacarias e Santa Isabel, intercedei pelos casais estreis, pedi a Deus que lhes conceda sabedoria, confiana, resignao e amor s prticas das virtudes. So Joo Batista, que possamos ter tua valentia, coragem e determinao na defesa da Igreja de Cristo. So Joo Batista, rogai por ns, esclarecei nossos casais, mdicos cientistas, polticos e todos os responsveis pela legislao nacional. * * * * * * * * * TÓPICOS RELACIONADOS
Referência bibliográfica: Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico - Juiz de Fora - Minas Gerais, 1959. Reflexes - adaptadas por Pgina Oriente.
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