Comemorao litrgica: 12 de maio. Tambm nesta data: Beata Imelda Lambertini, So Leopoldo Mandic 1. Santos Aquiles e Nereu
Etimologicamente os nomes "Aquiles" e "Nereu", de origem grega, significam respectivamente "fora" e "me pertence".
Irmos, ambos eram soldados adscritos ao tribunal militar durante o governo do imperador Dioclesiano. Tempos em que a maldade perpetrava ataque feroz contra os seguidores de Cristo. Contudo, quanto mais se alargavam as fileiras do martrio, tanto mais florescia o cristianismo revestido com a fora do testemunho vivo da verdade crist.
Aquiles e Nereu eram flores que encontravam-se em meio a um jardim de espadas, sangue e guerra quando converteram-se ao cristianismo. Diante disso, o dilema que se lhes apresentava no era fcil: se por um lado, renegassem sua f e adorassem os dolos, se livrariam da morte. Por outro, se abandonassem o exrcito, seriam mortos, j que as regras militares eram rigorosssimas nesse sentido. Abrasados, porm, pela lembrana de Jesus Crucificado e das convices que lhes inflamava o corao, no era difcil prever o inevitvel desenlace por amor a Deus e Igreja. Cumpriam perfeitamente com seu dever de militares, mas passaram a se apresentar como dois jovens fervorosssimos, fazendo oraes ao Deus dos cristos, tornando-se comunicadores exemplares da Palavra de Deus.
Finalmente decidiram abandonar o exrcito. No tardou que fosse decretado o exlio na ilha de Ponza, onde permaneceram ambos a servio de Santa Flvia Domitila, sobrinha do cnsul Flvio Clemente, com a qual partilharam as tribulaes advindas pelas ordens imperiais. O historiador Eusbio diz que esta nobre dama de Roma fora enviada ao desterro por ordem de Domiciano porque tambm proclamara sua f ao Divino Redentor. Segundo So Jernimo "o exlio foi to cruel e longo que isto por si s j lhes serviria de martrio". Foram condenados morte, entregando gloriosamente a alma pelo fogo e pela espada.
O Papa So Dmaso escreveu no ano 400 a seguinte inscrio na tumba dos dois mrtires: "Nereu e Aquiles pertenciam ao exrcito do imperador. Porm, se negaram a cumprir certas ordens que a eles pareciam cruis. Ao converter-se ao cristianismo abandonaram toda violncia e preferiram ter que abandonar o exrcito antes que ser cruis com os outros. Proclamaram seu amor a Cristo nesta terra e agora gozam da amizade de Cristo na eternidade".
O Sepulcro dos santos conserva-se no cemitrio de via Ardeatina, onde h uma Baslica edificada em sua honra.
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2. So Pancrcio
Tudo o que pode haver de edificante na vida de um jovem, encontrado na vida de Pancrcio, um dos mais gloriosos mrtires do sculo quarto. Contava com apenas 14 anos quando rendeu a alma Deus, recebendo a palma do martrio e elevado aos altares num grande exemplo de coragem, personalidade e f na doutrina de Cristo Salvador.
Filho de pais nobres e ricos, era natural de Symnado, na Frgia. O pai, ocupava altas e honrosas posies no governo de Diocleciano, que muito o estimava e com sua amizade pessoal o distinguia. Mas, dando preferncia sua f, seu pai pagou esta fidelidade com o martrio. Pancrcio no conheceu seu progenitor, tendo sido confiado guarda de seu tio Dionsio que, apesar de pago, educou seu sobrinho a quem devotava o mais terno amor paternal.
Passados alguns anos, mudou de domiclio, transferindo-se para Roma para proporcionar ao sobrinho a ocasio de relacionar-se com os mais exmios professores e membros da alta sociedade. Nessa ocasio , j ocorriam rumores de que o imperador Diocleciano tencionava exterminar o cristianismo, exigindo de seus sditos homenagens divinas sua pessoa.
A pouca distncia da vivenda de Dionsio, morava oculto o Papa Marcelino, hspede de um cristo carpinteiro do palcio imperial. Observando a movimentao nesse local de homens e mulheres de todas as classes e investigando as razes, acabou descobrindo que no local havia reunies secretas de cristos devotos verdadeira doutrina de Cristo. Dionsio, j fortemente inclinado ao cristianismo e Pancrcio, ouvindo muitas boas referncias a respeito do Papa, nutriam ardente desejo de pessoalmente conhecer Sua Santidade. Certa noite dirigiram-se ao Porteiro que, desconfiado, relutou em deix-los entrar, mas confessando que queriam conhecer a religio crist, foram cordialmente recebidos pelo Papa. Durante dias consecutivos ouviram, em reunies, as explicaes da doutrina crist, at que finalmente foram admitidos no Batismo e ao culto divino nas catacumbas.
Nesse nterim, o imperador firma o decreto de perseguio aos cristos. Em poucos dias registraram-se no s numerosos casos de priso de fiis, mas instrumentos de tortura e morte fizeram jorrar o sangue dos cristos abundantemente. Dionsio, ao ver tais atrocidades, morreu num caloroso acesso, pois seu corao sensvel no suportou ver o modo cruel de como os cristos eram tratados. Seu pupilo e muito querido Pancrcio prometeu fidelidade absoluta da f, embora isso implicasse em martrio.
Como Pancrcio era de natureza nobre, houve de se justificar diante do imperador, pois fora delatado como cristo. Antes de comparecer ao tribunal, pediu a bno do Papa, que o animou e deu-lhe a santa Comunho.
O imperador, apelando para a sua nobreza, usa de todos os meios persuadir o jovem menino, tentando convencer-lhe de que os cristos o haviam enganado e que deveria voltar-se para suas origens e amar os deuses do imperador, caso contrrio, justificaria com seu sangue o rigor das leis. Mas, Pancrcio, com timbre argentino de sua voz juvenil, respondeu: "imperador, enganai-vos em supor que me deixei iludir pelos cristos. S pela misericrdia de Deus cheguei ao conhecimento da Salvao. Sou menino de 14 anos apenas, mas saiba o senhor que Nosso Senhor Jesus Cristo reparte as suas graas no pela escala dos anos, mas segundo a sua bondade e sabedoria. Coragem e entendimento ele nos d, para no ligarmos s ameaas dos imperadores maior importncia que um fogo pintado. Exigis de mim, que preste adorao aos deuses e s deusas da vossa venerao. Ainda bem, que o sois melhor, que eles so". A tais palavras, o imperador as interpelou de insultuosas e atrevidas, ordenando sua imediata decapitao.
terrvel sentena, fez o semblante anglico do jovem se cobrir de santa alegria e prontamente Pancrcio se ps disposio do carrasco. Sem a menor relutncia, entregou sua cabea ao cutelo do algoz. Antes disso, proclamou: "Graas vos dou, Jesus, pelo dom da f e pela honra de me terdes aceito entre os vossos servos".
REFLEXES
Que exemplo formidvel de firmeza crist, de fidelidade a Deus e Igreja, de extrema valentia! Contemporneos do imperador Dioclesiano, que pertetrou dura perseguio aos cristos, temos duas histrias que convergem num mesmo sentido. De um lado, Aquiles e Nereu, dois soldados do exrcito que, pela fidelidade Cristo, abandonaram a farda da perseguio crist e abraaram-se cruz de Cristo. De outro lado, um simples menino de nome Pancrcio, com pensamento de menino, corpo de menino, inocncia de menino. Mas, com a mesma convico daqueles valorosos cristos, testemunhando implacavelmente sua f j em tenra idade, abraando com fora inexplicvel o madeiro da Cruz. Todos glorificados com a coroa do martrio.
Ante as magnficas histrias que o tempo registrou sobre a coragem dos nossos santos mrtires, h muito, nos dias atuais, o que refletir a respeito. Pois hoje, nosso testemunho cristo raramente exigir derramamento de sangue pela causa de Cristo. Para ns, restaram apenas pequenos e insignificantes testemunhos comparando-nos com eles. Por isso reflitamos: Se nos dizemos catlicos, estamos testemunhando nossa f cumprindo os mandamentos de Deus e da Igreja? A missa aos domingos faz parte da nossa existncia, assim como a confisso e os demais preceitos doutrinrios? Testemunhamos a f ajoelhando-nos nos momentos litrgicos prprios, ou diante do Santssimo Sacramento? Defendemos a Igreja de Cristo e a sua doutrina? Apoiamos o Santo Padre, quando a sociedade mundana o ataca em relao contrariedade da Igreja ao aborto, divrcio e contraceptivos? Como nossa conduta de cristos na vida social, na famlia, no trabalho?
So Cipriano, tambm vtima das implacveis perseguies do cruel imperador, foi decapitado pelo seu testemunho cristo. Antes de morrer, tapou o rosto com as duas mos e pronunciou a frase: "Ai de mim, no dia do Juzo". Se um santo fez este pronunciamento, que ser de ns no dia do Julgamento, quando ao lado dos mrtires, olharmos para trs e compararmos a sua histria com a nossa? Envergonhemo-nos desde j dos nossos crimes e comecemos hoje a mudar de vida, cumprindo o mnimo que se nos impe, ou seja, os preceitos de Deus e da Santa Igreja, to criticada e perseguida pelos amigos do mundo. * * * * * * * * * TPICOS RELACIONADOS
Referencias bibliogrficas: *Na Luz Perptua - pelo Padre Joo Batista Lehmann, V Ed. - I Vol. - Editora Lar Catlico, 1959. *Ofcio Divino - Orao das Horas - Editora Vozes, Paulinas, Paulus e Ave-Maria, 1996, 2a. ed. tpica.
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