S. Roque, S. João e S.Afonso - Mártires

Comem. litúrgica:  5 de outubroTambém nesta data:  São Ponciano, Papa e Mártir

 

 

 

São Roque Gonzalez  - Mártir

São João Del Castillo  - Mártir

Santo Afonso Rodriguez - Mártir

                                                    São Roque e seus companheiros foram um dos primeiros mártires sul-americanos. 

                                                    Roque Gonzalez nasceu em Assunção, Paraguai, em 1576. Seus pais eram espanhóis. Mostrava tanta bondade e devoção na adolescência que todos estavam convencidos que um dia abraçaria a vocação sacerdotal, o que deu-se quando completou 23 anos de Idade.

                                                    Já nos primeiros anos de sacerdócio dedicou-se zelosamente pela evangelização indígena, de forma que, diária e continuamente,  visitava os povoados mais distantes para catequizar os índios.

                                                    Ao completar 33 anos decidiu entrar na Companhia de Jesus, pois sentiu-se fortemente impulsionado a trabalhar como missionário.  Os padres jesuítas haviam fundado no Paraguai algumas colônias de indígenas que se fizeram muito famosas em todo mundo. As chamaram "Reduções", que se diferenciavam das tribos de outros países, pela exemplar organização em aplicar os meios adequados de evangelização católica, dentro de uma estrutura que ampliava a educação e as necessidades cotidianas dos indígenas sob sua tutela espiritual. Os padres Jesuítas os tratavam como verdadeiros filhos de Deus, protegendo-os sua dignidade com enorme respeito e carinho. 

                                                    Um autor francês chegou a exclamar:  "Nestas reduções, os índios chegaram ao mais alto grau de civilização que um povo jovem pode alcançar".  

                                                    Nessas missões se respeitava muito a lei de Deus e  se  obedeciam as leis civis;  cada um tratava aos demais como se fossem irmãos. Os índios aprendiam a lavrar a terra com técnicas agrícolas e praticavam trabalhos manuais e industriais.  Tudo era  um cooperativismo bem organizado, porque reinava principalmente a abundância espiritual que o povo indígena assimilou rapidamente, ou seja, as verdades divinas.  

                                                    Nessas reduções foi o Padre Roque González o primeiro europeu a penetrar em certas regiões de mata virgem do Paraguai. Trabalhou por 20 anos, enfrentando com paciência e  confiança a toda classe de dificuldades e perigos, dirigindo nesse período cerca de seis Reduções de indígenas. Muitas vezes o perigo provinha de  tribos totalmente selvagens que atacavam e outras, era de colonos europeus que queriam escravizar os índios,  porém, os jesuítas não o permitiam.  Por isso, Padre Roque exercia uma enorme influência sobre os índios, que o veneravam como a um verdadeiro santo. 

                                                    Sucedeu que um curandeiro, o bruxo dos indígenas,  se deu conta que a influência dos Padres Jesuítas estava reduzindo sua clientela diante do serviço de evangelização, que rapidamente esclarecia os índios na fé e na sabedoria cristã. Aos poucos iam abandonando as crendices, enganos e mentiras.  Por causa disso, decidiu arquitetar um plano para vingar-se e pôr termo àquela situação. Assim, reuniu um grupo de índios selvagens e  com eles atacou a missão católica.  

                                                    Quando o curandeiro e seus sequazes chegaram, estava o Padre Roque González tratando de erguer um sino à torre da capela. O assassinaram ali mesmo, a golpes de marreta. Ao ouvir o tumulto, o Padre Afonso Rodríguez saiu de sua choupana e imediatamente os índios também o assassinaram mediante golpes. Em seguida atearam fogo à capela e quando estava tomada de chamas, lançaram a ela seus cadáveres. Era 15 de novembro de 1628. Alguns dias depois esses mesmos índios assaltaram a missão próxima e ali assassinaram o Padre Juan de Castillo.  Assim, foram três os mártires que derramaram seu sangue, depois de haver dedicado sua vida em favor dos nativos, pela pregação da Sã Doutrina. 

                                                    O chefe índio Guarecupí deixou escrito:  "Todos os índios cristãos amavam o Padre Roque". 

                                                    Estes  três sacerdotes Jesuítas, martirizados na região do Rio da  Prata, foram canonizados pelo Papa João Paulo  II em 1998. 

Reflexões:

É com orgulho que o  povo paraguaio comemora a festa destes Santos Mártires, que não pouparam esforços e sacrificaram a  própria vida para catequizar os índios, ensinando-os  a verdadeira doutrina,  o caminho da Salvação, Jesus  Cristo!  

 Se o mundo contemporâneo considera a evangelização índígena uma  violação de sua cultura,  aos cristãos anunciar a boa nova da salvação aos incultos na fé, significa obrigação urgentíssima prescrita nas Escrituras. 

Sobre isto, o Santo Padre, quando esteve no Brasil inaugurando a V Conferência do Episcopado Latino-Americano em Aparecida (maio de 2007),  deixou bem claro: 

"O Verbo de Deus, fazendo-se carne em Jesus Cristo, se fez também história e cultura.  A utopia de voltar a dar vida às religiões pré-colombianas, separando-as de Cristo e da Igreja universal, não seria um progresso, mas um retrocesso. Na realidade seria uma regressão até o momento histórico ancorado no passado".  

A esta frase do Santo Padre verificou-se reações anti-cristãs, de governantes alieanados e de  líderes indígenas, que exigiram do Papa imediato pedido de desculpas.  Obviamente, porque a quase totalidade das tribos indígenas da América-Latina estão amparadas por normas, organismos e estruturas complexas, onde causas terrenas sobrepõe-se às divinas.  Civilizar e evangelizar os índios, não interessa a essa classe de gente, cujo Deus é o dinheiro e que escondem consigo um vasto leque de interesses escusos. 

Como não bastasse, nessa larga fileira colocaram-se à frente alguns poucos, porém,  barulhentos líderes religiosos. Frutas deterioradas que, participando do conluio,  não mediram tempo para também atirar suas pedras: "O Santo Padre não conhece a realidade dos povos indígenas", afirmaram descaradamente.  Ao contrário dos mártires que comemoramos hoje, existe uma legião trabalhando por resgatar os "valores" indígenas do passado. No desejo pessoal de lançar-se à mídia em busca de holofotes, microfones e câmeras de televisão, atribuem violência à cultura indígena no período colonial,  desprezando e desonrando a heróica evangelização dos nossos missionários que deram a vida pela erradicação do paganismoEsse tipo de gente perdeu o conceito da obediência, da perseguição e do martírio, estão a anos-luz da crucificação. Por Deus que esse tipo de mentalidade não imperou na época da colonização, pois nesse caso, não seria de admirar estarmos hoje adorando o sol e a lua. 

Foi graças ao sangue derramado ontem,  que conhecemos hoje a Verdade, Jesus Cristo. Os santos missionários lá de trás,  enxergaram  tão cristalinamente o conceito de salvação e perdição eternas,  que embrenharam-se  nas mais longínquas florestas e tribos em cumprimento à ordem do Senhor:  "Ide por todo o mundo e  pregai o Evangelho a  toda a criatura. Quem crer e  for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado" (Mc  16, 15-16).  O amor ardentíssimo a Jesus crucificado e o zêlo sem limites pela salvação das almas é que explica o fato destes santos  homens  abandonarem o conforto da civilização  e se transportarem para regiões inóspitas. Um martírio diário pela propagação da fé, onde grande número tombou gloriosamente. Os missionários mártires que comemoramos hoje, eram possuidores destas virtudes em grau heróico e por isso o povo cristão hoje lhes tributa as mais relevantes honras, gratidão e santa devoção. 

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Referência bibliográfica: Na luz Perpétua,  5ª.  ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico - Juiz de Fora - Minas  Gerais,  1959. Reflexões por Página Oriente.com