Nossa Senhora das Dores

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Comemorao  litrgica - 15 de setembro Tambm nesta data:  Santa Catarina de Gnova e So Nicomedes.   

 

 

 

                                               Acompanhar Nossa Senhora em todas as  fases de sua vida terrestre, admirar os altos desgnios de Deus na pessoa sacrossanta de sua Me sempre delcia para um corao devoto SS. Virgem. Mais apropriada no podia ser a nossa meditao das dores, seno ocupando-nos com os sete dolorosos lances de sua existncia terrena, ou propriamente as sete dores, a saber:

1. - A profecia de Simeo.  Eis aqui est posto este Menino para runa e para ressurreio de muitos de Israel, e como alvo a que atirar a contradio. E uma espada traspassar tua alma. (Lc. 2,34)  A esta palavra a SS. Virgem v de uma maneira clara e distinta no futuro as  contradies a que Jesus Cristo ser exposto:  contradies na doutrina, contradies no conceito pblico, contradies nos seus santssimo afetos, na alma e no corpo.   E esta previso dolorosa ficou na alma de Maria  durante trinta e trs anos. medida que Jesus crescia em idade, em sabedoria e em graa, no Corao de Maria aumentava a angstia de perder um filho to caro, pela aproximao da inexorvel Paixo e Morte.   O Senhor usa de compaixo para conosco, em no nos fazer ver as cruzes que nos esperavam, e se temos de sofrer,  s uma vez. Com Maria Santssima assim no procedeu, porque a queria Rainha das dores e toda semelhante ao Filho;  por isso ela via sempre diante de  si todas as  pelas que havia de sofrer (Santo Afonso)

2. - A fuga para o Egito.  A profecia de Simeo comeou a cumprir-se logo. Jesus apenas nascido, j cercado pela morte. Para salv-lo, Maria deve ir para um exlio longnquo, para o Egito, por caminhos desconhecidos, cheios de perigos. No Egito a Sagrada Famlia passou perto sete longos anos como estranha, desconhecida, sem recursos, sem parentes.  A viagem de volta para a Terra Santa apresentou-se mais penosa ainda, porque o Menino Jesus j era to crescido que, lev-lo ao colo, difcil tarefa devia ser, e fazer a p o grande trajeto parecia acima de suas foras (So Boaventura)

3. - Jesus encontrado no templo.  H quem diga que toda esta dor no s foi maior de todas que Maria sofreu na sua vida, mas que foi tambm de todas a mais acerba.  Nos outros seus sofrimentos tinha ela Jesus em sua companhia; mas agora via-se longe dele, sem saber onde ele se achava.  Das outras dores Maria conhecia perfeitamente a razo e o fim, isto , a redeno do mundo, a vontade divina; mas nesta dor no podia ela atinar com o motivo de Jesus estar longe de sua Me. Quem sabe se sua mente no se torturava com pensamentos como este:  no o servi como devia, cometi alguma falta, alguma negligncia, que motivasse dele se  retirar de mim?  Certo que no pode haver pena maior para uma alma que tem amor a Deus, seno o temor de o ter desgostado. Realmente, em nenhuma outra dor, que ns saibamos, Maria se lamentou, queixando-se  amorosamente com Jesus, depois de o ter achado: Filho, porque fizeste assim conosco? Olha que teu pai e eu te buscvamos aflitos (Santo Afonso)

4. - Maria se encontra com Jesus na via dolorosa.  Pilatos tinha sentimento humano para com Jesus;  tivesse ele  vencido sua covardia,  talvez o teria salvo do furor da multido, ainda mais, se splica de  sua mulher se tivesse unido um pedido da Me de Jesus. Maria, porm,  no se move naquela  hora tremenda, que decide  da  vida ou da morte de seu Filho, porque sabe, que o Filho podia por si, sem auxlio alheio, livrar-se dos seus inimigos, e se se deixa como um cordeiro levar ao suplcio, ento porque o faz espontaneamente, cumprindo a vontade de Deus. Maria ainda no se move, quando a sentena j irrevogavelmente pronunciada. Vai ao encontro de Jesus que,  carregado do peso da cruz, se encaminha para o Calvrio.   V-o todo desfigurado e entregue, coberto de mil feridas e horrivelmente ensangentado. Seus olhares se  cruzam.  Nenhuma queixa sai da sua boca, porque as maiores dores  Deus lhe reservou para a salvao do mundo. Aquelas  duas almas, heroicamente generosas, continuam juntas no seu caminho do sofrimento, at o lugar do suplcio. 

5. - Jesus morre na cruz.  Chegam ao Calvrio. Os algozes despojam Jesus das suas vestes, pregam-no na cruz, levantam o madeiro e  sobre ele deixam-no morrer. Maria agora se aproxima da cruz e perto da cruz fica, e assiste horrvel agonia de trs horas.  Que espetculo ver-se o Filho agonizante sobre a cruz, e ver-se ao p da mesma agonizar a Me, que todas as penas sofria com seu Filho!  (Santo Afonso).  O que os cravos eram para o corpo de Jesus, para o corao de Maria era o amor (So Bernardo).    No mesmo tempo que Jesus sacrificava o corpo, a Me imolava a alma (So Bernardo).   E no pode  dar ao Filho o menor alvio; ainda saber que o maior tormento para o Filho era ver present5e sua Me, que dor, que sofrimento! O nico alvio para a Me e  para o filho era saber, que das suas dores resultava para ns a  vida eterna.

6. - Abertura do corao de Jesus pela lana e descimento da cruz. Jesus morrendo, exclamou: Consummatum est Tudo est consumado. Estava  completa a srie dos sofrimentos para o Filho, no porm, para a Me.  Quando ela est chorando a morte do filho, um soldado vibra a lana contra o peito de Jesus, abrindo-o, e sai sangue e gua. O corpo morto de Jesus no sente mais a lanada;  mas sentiu-a a Me no ntimo do corao. Tiram o corpo do Filho da cruz. O Filho entregue  Me, mas em que estado!  Antes o mais belo entre os filhos dos homens, agora est todo desfigurado. Antes, era um prazer olhar para ele;  agora,  seu aspecto horroroso. Quando morre  um filho, trata-se de afastar do cadver a me. Maria, pelo contrrio,  no deixa que lho tirem dos seus braos, seno quando para sepult-lo. 

7. - Jesus colocado no sepulcro.  Eis que j o levam para sepult-lo. J se pe em movimento o doloroso prstito. Os discpulos levam o corpo de Jesus  sobre os ombros. Os Anjos do cu o acompanham. As santas mulheres seguem e, no meio delas, a Me. Querem que ela mesma acomode o corpo sacrossanto de Jesus no sepulcro, precisando por a pedra  para fechar o sepulcro, os discpulos precisam dirigir-se SS. Virgem, e lhe dizer: Agora hora de vos despedir, Senhora;  deixai que fechemos o sepulcro. Muni-vos de pacincia! Olhai-o pela ltima vez e despedi-vos de vosso filho. Moveram a pedra e colocaram-na no seu lugar, fechando com ela o santo sepulcro.  Maria, dando um ltimo adeus ao Filho e sepultura, volta para casa (Santo Afonso).   Voltou to triste a aflita e pobre Me, que todos a viam, dela se compadeciam e choravam (So Bernardo)  S no nosso corao no haver lgrimas para Maria?  No choramos ns, que somos a causa de tantas dores?  Ah! Se nos faltam lgrimas de  sentimento dos nossos olhos sensveis, choremos pelo menos lgrimas de penitncia, expresso ainda do firme propsito, de no mais cometermos pecado algum. Foram os nossos pecados que levaram morte o nosso Irmo primognito, e transpassaram o corao dulcssimo de Maria, Me de Jesus e  nossa Me.

REFLEXES

Se a ns Deus mandar uma cruz em forma sofrimentos fsicos ou morais, acusaes injustas ou de contnuas contrariedades, recorramos Nossa Senhora, e no nos entreguemos tristeza e ao desnimo. Sofrimento que vem mandado por um Pai que nos tem tanto amor, no pode visar outro fim, seno o nosso bem temporal e eterno. O sofrimento um dia, converter-se- em  alegria;  as lgrimas derramadas hoje, daro lugar a uma felicidade que no ter fim.  Uma cruz diferente da outra e a durao de tempo do nosso padecimento pertence a Deus. So momentos tristes, mas que devemos aceitar alegremente,  como uma graa divina. Afinal, lembremo-nos de quanto sofrimento Cristo padeceu no Calvrio!  E quanto sofreu a Me, diante da agonia do Filho!

Se teu ombro j parece no suportar o peso da cruz, se a extrema dor te abala os sentidos, no desperdice esse tempo com lamentaes, muitas vezes inevitveis .  Oferece essas ddivas s almas que padecem no Purgatrio,  em desagravo dos pecados cometidos contra o Santssimo Corao de Jesus e Imaculado Corao de Maria, pela converso de todos ns, pobres pecadores, pela paz no mundo, pelo Papa, ou por tantas outras causas urgentes que clamam por nossas oraes e sacrifcios.

Por enquanto,  coloquemo-nos confiantemente no colo amoroso de Nossa Senhora das Dores, que experimentou o sofrimento na sua mxima intensidade.   

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Ttulos de Nossa Senhora

* Referncias:

- Na luz Perptua,  5.  ed., Pe. Joo Batista Lehmann, Editora Lar Catlico - Juiz de Fora - Minas  Gerais,  1959.