Nossa Senhora das Graas  

Ttulo Similar: Nossa Senhora da Medalha Milagrosa                                 - Ir para os Ttulos de Nossa Senhora

Comem. litrgica: 27 de novembro Tambm nesta data: So Francisco Antnio, So Valeriano e So Bernardino de Fossa.

* Veja tambm a histria de Santa Catarina Labour.

 

 

                                                       O ano de 1830 ficou marcado pela manifestao da Imaculada Virgem Maria que, do Cu veio trazer-nos o seu retrato da Medalha bendita, qual por causa dos seus prodgios e milagres, o povo cristo deu o ttulo de Milagrosa.

                                                       No a Medalha Milagrosa como muitas que se tem inventado para representar os ttulos e invocaes de Maria Santssima, medalhas dignas de respeito e venerao pelo que representam, mas que no tem origem mais do que o gosto do artista que as fabricou, ou o fervor do Santo que as divulgou.

                                                       No assim a Medalha Milagrosa; ela um rico presente que Maria Imaculada quis oferecer ao mundo no sculo XIX, como penhor dos seus carinhos e bnos maternais, como instrumento de milagres e como meio, de preparao para a definio dogmtica de 1854.

                                                       Foi na comunidade das Filhas da Caridade, fundada por So Vicente de Paulo, que a Santssima Virgem escolheu a confidente dos seus desgnios, para recompensar de certo a devoo que o Santo sempre teve Imaculada Conceio de Nossa Senhora, e que deixou por herana aos seus filhos e filhas espirituais.

                                                       Chamava-se ela Catarina Labour. Nasceu a 2 de maio de 1806, na Cte d'Or, em Frana, e aos 20 anos de idade tomou o hbito das Filhas da Caridade. Novia ainda,muito humilde, inocente e unida com Deus, era ternamente devota Santssima Virgem, a quem escolhera por Me desde que em pequenina ficara rf, ardia em contnuos desejos de a ver e instava com o seu Anjo da Guarda para que lhe alcanasse este favor. No foi baldada a sua esperana; entre outras, foi bem clebre a apario de 18 para 19 de julho de 1830, em que Nossa Senhora a chamou Capela, e com a irm se dignou conversar por algumas horas, anunciando-lhe o que em breve aconteceria, enchendo-a de carinhos e consolaes.

                                                       Mas a mais importante das aparies foi a do dia 27 de novembro de 1830, sbado antes do primeiro domingo do Advento. Neste dia, estando a venervel irm na orao da tarde, nessa Capela da Comunidade, rua du Bac, Paris, a Rainha do Cu se lhe mostrou, primeiro, junto do arco cruzeiro, do lado da epstola, onde hoje est o altar " Virgo Potens", e depois por detrs do Sacrrio, no altar-mor. "A Virgem Santssima, diz a irm, estava de p sobre um globo, vestida de branco, com o feitio que se diz Virgem, isto , subido e com mangas justas; vu branco a cobrir-lhe a cabea, manto azul prateado que lhe descia at aos ps; o cabelo em tranas, seguro por uma fita debruada de pequena renda, sobre ele pousava, o rosto bem descoberto de uma formosura indescritvel. As mos, elevadas at cinta, sustentavam outro globo, figura do mundo, rematado por uma cruzinha de ouro; a Senhora toda rodeada de tal esplendor que era impossvel fix-la; o rosto iluminou-se-lhe de radiante claridade no momento em que com os olhos levantados para o cu, oferecia ao Senhor esse globo".

                                                       "De repente os dedos cobriram-se de anis e pedrarias preciosas de extraordinria beleza, de onde se desprendiam raios luminosos para todos os lados, envolvendo a Senhora em tal esplendor que j se lhe no via a tnica nem os ps. As pedras preciosas eram maiores umas, menores outras e proporcionais eram tambm os raios luminosos".

                                                       "O que ento experimentei e aprendi naquele momento impossvel explicar".

                                                       "Como estivesse ocupada em contempl-la, a Virgem Santssima baixou para mim os olhos, e uma voz interIor me disse no ntimo do corao: ' Este globo que vs representa o mundo inteiro e em especial a Frana e cada pessoa em particular'. Aqui no sei exprimir o que descobri de beleza e brilho nos raios to resplandecentes. A Santssima Virgem acrescentou: 'Eis o smbolo das graas que derramo sobre as pessoas que mas pedem'."

                                                       " Desapareceu ento o globo que tinha nas mos; e como se estas no pudessem com o peso das graas, os braos se abaixaram e se abriram na atitude graciosa reproduzida na Medalha".

                                                       "Formou-se ento em torno da Virgem, um quadro um pouco oval onde em letras de ouro se liam estas palavras: ' Maria, concebida sem pecado, rogai por ns que recorremos a vs'. Fez-se ouvir ento uma voz que me dizia: 'Manda cunhar uma Medalha por este modelo; as pessoas que a trouxerem indulgenciada, recebero grandes graas, mormente se a trouxerem ao pescoo; ho de ser abundantes as graas para as pessoas que a trouxerem com confiana' ."

                                                       No mesmo instante o quadro pareceu voltar-se e a irm viu no reverso a letra "M" encimada por uma cruz, tendo um trao na base e por baixo do monograma de Maria os dois coraes de Jesus e de Maria, o primeiro cercado por uma coroa de espinhos, o segundo atravessado por uma espada; e segundo traduo oral comunicada pela vidente, uma coroa de doze estrelas a cercar o monograma de Maria e os coraes. Tambm a mesma irm disse depois, que a Santssima Virgem Maria calcava aos ps uma serpente de cor esverdeada com pinturas amarelas.

                                                       Passaram-se dois anos sem que os superiores eclesisticos decidissem o que havia de Fazer-se; at que, depois do inqurito cannico, se cunhou a Medalha por ordem e com aprovao do Arcebispo de Paris, Monsenhor Qulen. Para logo, comeou a espalhar-se com muita rapidez a devoo pelo mundo inteiro, acompanhada sempre de prodgios e milagres extraordinrios, reanimando a f quase extinta em muitos coraes, produzindo notvel restaurao dos bons costumes e da virtude, sarando os corpos e convertendo as almas. Entre outros prodgios clebre a converso do judeu Afonso Ratisbonne, acontecida depois da viso que ele teve na Igreja de Santo Andrea delle Frate, em Roma, em que a Santssima Virgem lhe apareceu como se representa na Medalha Milagrosa.

                                                       O primeiro a aprovar e abenoar a Medalha foi o Papa Gregrio XVI, confiando-se proteo dela e conservando-a junto de seu crucifixo. Pio IX,, seu sucessor, o Pontficie da Imaculada, gostava de a dar como prenda particular da sua benevolncia pontfica. No admira que, com to alta proteo e vista de tantos prodgios, se propagasse rapidamente. S no espao de quatro anos, de 1832 a 1836, a firma Vechette, incumbida de a cunhar, produziu dois milhes delas em ouro e prata e dezoito milhes em cobre.

                                                       Graas a esta difuso prodigiosa, foi-se radicando mais e melhor no povo cristo a crena na Imaculada Conceio de Maria e a devoo para com to excelsa Senhora; assim se preparou essa apoteose sublime da definio dogmtica de 1854, que a Virgem Santssima veio como que confirmar e agradecer em Lourdes em 1858, coroando assim a apario de 1830.

                                                       Em outras aparies subseqentes a Santssima Virgem falou a Catarina de Labour da fundao de uma Associao das Filhas de Maria que depois o Papa Pio IX aprovou a 20 de junho de 1847, enriquecendo-a com as indulgncias da Prima-primria. Espalhou-se pelo mundo inteiro e conta hoje com mais de 150.000 associadas. Leo XIII a 23 de junho de 1894 instituiu a Festa da Medalha Milagrosa; a 2 de Maro de 1897 encarregou o Cardeal Richard, Arcebispo de Paris, de coroar em seu nome a esttua da Imaculada Virgem Milagrosa que est no altar-mor da Capela da Apario, o que se fez a 26 de julho do mesmo ano. Pio X no esqueceu a Medalha Milagrosa no ano jubilar; a 6 de junho de 1904 concedeu 100 dias de indulgncia de cada vez que se diga a invocao: " Maria concebida sem pecado, etc", a todos quantos tenham recebido canonicamente a Santa Medalha; a 8 de julho de 1909 instituiu a Associao da Medalha Milagrosa com todas as indulgncias e privilgios do Escapulrio azul. Bento XV e Pio XI encheram a Medalha e a Associao de novas graas e favores.

Reflexes:

A Virgem toda radiante de luz calcando a serpente lembra-nos a sua Conceio Imaculada, portanto a queda original e o Salvador prometido.

No reverso vemos a cruz, smbolo da Redeno. Maria associada a essa obra divina, mediadora junto de Jesus; a cruz e os dois coraes falam-nos de caridade, penitncia, mortificao e amor; as doze estrelas lembram o zelo do apostolado e a recompensa que o espera. No h inscrio deste lado, porque a cruz e os coraes dizem bastante.

Quem no h de procurar trazer, amar, estudar esta Santa Medalha para receber dela todos os frutos de bno e salvao que Maria Imaculada prometeu e deseja comunicar?

                                           * * * * * * * * *

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Ttulos de Nossa Senhora

Referncia bibliogrfica: Na luz Perptua, 5. ed., Pe. Joo Batista Lehmann, Editora Lar Catlico - Juiz de Fora - Minas Gerais, 1959. (1a. edio 1928)