Comem. litrgica: 16 de abril. - Tambm nesta data: Santa Bernadete Soubirous
Agatangelo, isto , bom Anjo, viveu como bispo de Antioquia quando Dcio era imperador romano. Em Antioquia existiam muitos Marcionitas, que abandonaram a religio, quando os catlicos guiados pelo bispo, ficaram firmes na f. O prprio bispo, por motivos de religio, foi citado perante o tribunal de Marciano. Este lhe disse: " Tens a felicidade de viver sob a proteo das leis romanas. Convm, pois, que honres e veneres nossos prncipes, nossos defensores". Accio respondeu-lhe: "Quem poder ter nisso mais interesse que os cristos, e por quem o imperador mais amado, seno por eles? a nossa orao constante, que tenha longa vida aqui no mundo, governe com justia os povos e lhe seja conservada a paz; ns rezamos pela salvao dos soldados e de todas as classes do imprio". Marciano: "Tudo isto muito louvvel, mas para dar ao imperador uma prova de submisso, vem comigo e oferece o sacrifcio aos deuses". Accio: "J te disse que fao orao ao supremo Deus pelo imperador; este, por'm, como criatura nenhuma, no poder exigir de ns que lhe sacrifiquemos". Marciano: " Dize-me, pois, a que Deus adoras, para que possamos acompanhar-te em tuas oraes". Accio: "Oxal o conheas!" Marciano: "Que nome tem ele?" Accio: " o Deus de Abrao, Isaac e Jac" Marciano: "So deuses tambm?" Accio: "No so deuses, mas homens a quem Deus se comunicou. H um s Deus a quem devida toda a orao". Marciano: "Afinal, quem esse Deus?" Accio: " o Altssimo, que tem seu trono sobre Querubins e Serafins" Marciano: "Que coisa Serafim? " Accio: "Um mensageiro do altssimo e prncipe dos mais distintos da corte celestial" . Marciano: "Deixa de contar-nos as tuas fantasias. Abandona aqueles seres invisveis e adora aos deuses visveis". Accio: "Dize-me que deuses so" Marciano: " Apolo, o salvador dos homens, que nos defende contra a peste e a fome, que ilumina e governa o mundo" Accio: "Eu adorar a Apolo, que no pode salvar-se a si mesmo; a Apolo, cujas paixes inconfessveis so conhecidas por Dafne e Narciso; a Apolo que, como um companheiro de Netuno, trabalhou como pedreiro, para ganhar po; eu adorar a Apolo? Pelo mesmo motivo podia queimar incenso a Esculpio, vtima do assassino Jpiter, lbrica Venus e a outros aventureiros do vosso culto. Isto eu nunca farei, embora custe a minha vida . como poderia adorar divindades, cuja imitao uma vergonha e cujos imitadores so punidos pela lei?" Marciano: "Sei que vs cristos, injuriais os nossos deuses. Por isso eu te ordeno que me acompanhes ao banquete, que ser dado em homenagem a Jpiter e Juno" Accio: " Poderia eu adorar um homem , cujo tmulo ainda existe na ilga de Creta? Por acaso ressuscitou?" Marciano: "Basta de palavras: escolhe entre o sacrifcio ou a morte" Accio: "Esta a linguagem dos saltadores na Dalmcia: a bolsa ou a vida! Nada. Nada receio; se fosse eu um adltero, salteador ou ladro, eu mesmo me julgaria; se, porm, me condenam por ter adorado a Deus vivo e verdadeira, a injustia est ao lado do juiz". Marciano: "Tenho ordem de obrigar-te ao sacrifcio ou punir tua desobedincia" Accio: "Ordem minha no negar a Deus; devo obedecer Deus poderoso e eterno que disse que negar perante seu Pai quele que negar diante dos homens" Marciano: "Ests confessando o erro da tua seita, em dizer que Deus tem um filho". Accio: "Sem dvida, que tem". Marciano: "Quem este Filho de Deus?" Accio: "A palavra da verdade e da graa". Marciano: "Este seu nome?" Accio: "No me perguntes pelo seu nome, mas quem era" Marciano: " Qual pois seu nome?" Accio: " Jesus Cristo". Marciano: "De que esposa Deus teve este filho?" Accio: "Deus tem seu filho, no de maneira humana, gerado de mulher; pois o primeiro homem foi criado por suas mos. De limo da terra formou o corpo humano e deu-lhe um esprito. O Filho de Deus,o Verbo da Verdade, saiu do corao de Deus, como est escrito: meu corao produziu boa palavra". (S. 44,1). Marciano insistiu que sacrificasse aos deuses e imitasse os exemplos dos Montanitas, dando assim um bom exemplo de obedincia. Accio, por'm, respondeu: " O povo obedece a Deus e no a mim" Marciano: "Dize-me os nomes daqueles que compem o teu povo" Accio: "Esto escritos no livro da vida" Marciano: "Onde esto os feiticeiros teus companheiros e pregadores de nova doutrina?" Accio: "Ningum condena a feitiaria mais do que ns a condenamos" Marciano: "Esta nova religio, que introduzs, feitiaria" Accio: " feitiaria atirar ao cho dolos feitos por mo humana? Ns temos medo s daquele, que Senhor do Universo, que nos ama como um Pai, que como Pastor misericordioso, nos salvou da morte e do inferno". Marciano: "Dize-me os nomes que te pedi, se quiseres poupar-te dos tormentos". Accio: "Aqui estou diante do tribunal. Desejas saber o meu nome e dos meus companheiros. Como vencers os outros, se eu sozinho te envergonho? Pois seja feita a tua vontade. Eu me chamo Accio, ou Agatangelo, e com este nome sou mais conhecido. Meus companheiros so Piso, bispo de Tria e o sacerdote Menandro. Agora faze o que entenderes" Marciano: "Hs de ficar preso, at que o imperador tenha tomado conhecimento do teu processo". Dcio ficou comovido pela leitura das atas e concedeu a Accio plena liberdade no exerccio da religio. Ignora-se a data da morte do Santo. Os gregos, egpcios e todas as Igrejas do Oriente celebram-lhe a festa no dia 31 de maro. Reflexes: O nosso sculo j no mais dos tiranos, que sob pena de morte, procuraram extorquir-nos a confisso de nossa apostasia. Cada qual tem bastante liberdade de seguir a religio que mais lhe agrade. Entretanto dorme em nosso peito um tirano muito mais desptico e cruel, que todos os meios emprega, para de ns conseguir uma transformao muito mais vergonhosa que a prpria apostasia. Esta transformao consiste em sacrificar a convico religiosa a interesses materiais. Pior que a apostasia o esprito de utilitarismo, do vil interesse, que degrada a religio simples coisa de convenincia. Para no cairmos neste lao do inimigo de nossa alma, indispensvel que instruamos solidamente nos ensinamentos da nossa religio; tanto mais fidelidade lhe devotaremos. Nunca nos esqueamos da palavra do divino Mestre: " Quem me negar diante dos homens, eu o negarei diante de meu Pai". Confessemos, pois, Cristo em nossas palavras e aes, e ele nos confessar no dia do Juzo Final na presena de Deus e de todas as criaturas. * * * * * * * * * Referncia bibliogrfica: Na luz Perptua, 5. ed., Pe. Joo Batista Lehmann, Editora Lar Catlico - Juiz de Fora - Minas Gerais, 1959. |