Livro Oriente       <<  ARTIGO I   >>       Carlos Mariano

A semente a Palavra de Deus

  Semen est Verbum Dei- (Lc VIII, 11)

                                                  No Livro do Gnesis, o termo semen repetido, s no primeiro captulo, cinco vezes. Porque a semente, apesar de no ser a fonte, a geradora da vida; a Fonte da vida a Palavra de Deus: Fiat, Faa-se. a primeira palavra expressa por Deus e que a Bblia registrou: Fiat lux Faa-se a luz. Maria encerra o dilogo com o Arcanjo Gabriel e usa o mesmo Fiat: Fiat mihi Faa-se em Mim. O primeiro fiat, fez a luz; o segundo fiat, trouxe luz, a prpria Luz: E a Luz resplandece nas trevas e as trevas no O receberam (Cf. Jo I, 5). Sem a semente; sem o semen no h vida e, no entretanto, a semente precisa morrer, para viver. Se o gro de trigo, que cai na terra, no morrer, fica infecundo, mas se morrer, produz muito fruto (Cf. Jo XII, 24-25). o sopro a palavra encerrada na semente, que vivifica. um mistrio, unificado. uma unio em comum, ou uma comunho.

                                                  Uma das pessoas que melhor entendeu e com maior clareza explicou a necessidade da vinda do Senhor, para que todos ns tivssemos vida e VIDA em abundncia, foi o sbio Fulton J. Sheen. Este, com a sabedoria com que foi dotado, esclarece: Tudo na natureza obrigado a ter COMUNHO, para poder viver; e por esse meio, o que inferior transforma-se no que superior: produtos qumicos em plantas, plantas em animais, animais em homem. E o homem? No devia tambm ele ser elevado por meio da COMUNHO, at quele que desceu do cu para tornar o homem participante da Natureza Divina? Como mediador entre Deus e o homem, Cristo afirmou que assim como Ele vivia pelo Pai, tambm eles deviam viver por Ele; estas palavras de Fulton Sheen, so respaldadas em So Joo: Assim como o Pai, que vivo, me enviou e eu vivo pelo Pai; assim o que come a mim, viver por causa de Mim (Cf. Jo VI, 58) e por So Pedro: Pois no fostes regenerados de uma semente corruptvel, mas incorruptvel, pela Palavra do Deus Vivo,  que permanece eternamente (Cf.1Pdr  I, 23).

                                                   Donde se conclui que, humana e cientificamente, no existe probabilidade de vida sem COMUNHO. At as pedras, tero vida, se Deus a comunicar: Porque Eu vos digo, que Deus pode fazer dessas pedras filhos de Abrao (Cf. Mt III, 9). Pode, mas no o fez; porque Ele o primeiro cumpridor da lei natural, a qual, Ele prprio estabeleceu. Por outro lado, Ele o Autor e no escravo da sua lei e da  sua palavra. Onipotentemente livre, est infinitamente acima do preconceito de Herodes que, por causa do seu juramento e dos comensais, mandou decapitar Joo Batista. O nosso Deus est acima do fatalismo de  Allah: Maktub Est escrito e no tem jeito; do Islamismo, muulmano de Maom. O nosso Deus, Jesus, havia decretado que Nnive seria destruda dali a quarenta dias e o profeta Jonas percorreu toda a cidade anunciando a fatal destruio. Os ninivitas fizeram penitncia e para  dissabor de Jonas, Deus aboliu o decreto (Cf. Jon 4,1 seguintes). Jesus diz a Isaas que transmita ao rei Ezequias: "Pe em ordem as coisas da tua casa, porque vais morrer e no vivers.  Ezequias orou e derramou lgrimas; Deus manda que Isaas retorne a Ezequias, anula Sua Palavra empenhada e acrescenta quinze anos aos seus dias (Cf. Is XXXVIII, 1-5). Neste mesmo livro e captulo, nos versculos sete e oito, Jesus faz com que o tempo volte atrs. Este o nosso Deus: Sem barreiras, tudo Lhe possvel. Prepara a Imaculada Conceio da Virgem de Nazar, opera maravilhas nessa Sua Criatura e a constitui no tempo, Sua Me na Eternidade. Me do Criador, Me do Incriado, Me do Pai Eterno, Me do Redentor. O Pai, o Filho e o Esprito Santo, trs pessoas e um s Deus; Maria, uma s pessoa na Trindade. A Obra Prima de Deus, vislumbrada pela aula que Jesus deu a Nicodemos e que durou toda uma noite: Ningum subiu ao cu, seno Aquele que desceu do cu, o Filho do homem que est no cu (Cf. Jo III, 13). Posteriormente, confirma esta verdade, mostrando o Pai a Felipe: Quem me v, v tambm o Pai (Cf. Jo XIV,9). Esse mistrio, sacramentum, delicadssimo: Jacet in praesepio, et in caelis regnat - Deitado numa manjedoura e reinando nos cus. Precedendo manjedoura: Envolto por Maria e pairando sobre Ela; ou ainda, Maria circundando o Incircunscrito. A insolubilidade do problema, no torna inexistente a questo. Frente grandeza do enigma, maravilhado, Jeremias profetiza: Eis que o Senhor criou uma coisa nova sobre a terra: - Femina circundabit virum - uma Mulher circundar o Marido (Cf. Jer XXXI, 22); noutras palavras, uma Mulher dar luz ao mesmo Marido. A prpria Mulher que no Gnesis, foi predestinada pelo Senhor Jesus, a esmagar a cabea da Serpente. Criar no tempo, a Me da Eternidade, no h pessoa humana que consiga entender, menos ainda demnio que possa suportar.    . 

                                                   Deus superior a tudo, a todos e at Sua Palavra, ao Seu Verbum: Porque o Pai maior do que Eu (Cf. Jo XIV, 28). A Onipotncia Divina, s pode ser alcanada atravs da f: Sem f, impossvel agradar a Deus (Cf. Hebr XI,6). Toda a problemtica da nossa religiosidade, depende s e unicamente, da f na ressurreio do Senhor Jesus. So Paulo cristalino: Se Jesus no ressuscitou, ns somos os mais infelizes dos homens. E por que? Porque estaramos vivendo uma mentira e transmitindo aos nossos psteros, uma iluso. Mas Jesus ressuscitou, aparecendo aos Apstolos, a mais de quinhentas pessoas e ao prprio So Paulo. Ao Apstolo Tomaz, conhecido por Tom, Jesus nos d uma bem-aventurana: Tu creste, Tom, porque me viste; bem-aventurados os que no viram e creram. Em cada santa Missa, o sacerdote levanta a Hstia Consagrada e diz: Eis o Sacramento da f. Ns aceitamos, ns cremos e se no alcanamos a grandeza do ato, deve-se pequenez dos nossos coraes. Consoante esta pequenez, Malba Tahan, o nosso Jlio Csar de Melo e Souza, implorava em orao: Deus, Deus, perdoai a pequenez dos nossos coraes; a pequenez do nosso entendimento!

                                                  Quando h os que acusam os catlicos de adoradores de imagens no ser, porventura, porque os vem atravs de coraes pequenos, os quais Malba Tahan refere? oportuno lembrar, que a primeira IMAGEM de barro feita sobre a terra e da qual se  tem notcia, a do mesmo Jesus: Faamos o homem nossa IMAGEM e semelhana (Cf. Gen I, 26). Transcorrido os sculos, Michelangelo esculpiu duas imagens, uma de Davi, outra de Moiss; deu um piparote numa delas e ordenou: Parla! e a imagem no falou. Primariamente, porque Deus no esculpiu um homem e sim o constituiu: DE DENTRO PARA FORA. Como haveria de constituir Eva, da costela de Ado. 

                                                  A compleio corporal entendida na viso do profeta Ezequiel que, por ordem do Senhor Jesus, profetizou sobre ossos secos, estes se revestiram de nervos, carnes e foram cobertos de pele. Aps o que, Ezequiel orou ao Esprito que SOPRASSE sobre a multido morta a qual, recebida o Esprito, reviveu (Cf. Ez XXXVII, 1-10). A necessidade, a racionalidade do arcabouo explicitada pelo Senhor Jesus: Insensatos, quem fez o exterior no fez tambm o interior? (Cf. Lc XI, 40). No h quem ignore ser a carne, parte do composto humano que se destina ao sepulcro, isto quem nos ensina o nosso Redentor: " o esprito que vivifica; a carne para nada aproveita (Cf. Jo VI, 64). Se a carne s aproveita aos vermes, a IMAGEM de barro aproveita o que? Aproveita lembrana dos atos e feitos praticados por aquele que, via de regra, voltou ao p. Via de regra, pois, existem privilegiados que no provaram a corrupo. No antigo Testamento HENOC (Cf. Gen V,24) e ELIAS (Cf. IIRs. II, 11). Predito pelo Antigo, o Novo Testamento registra o Senhor Jesus. A incorruptibilidade de Nossa Senhora Dogma de f, pela bula do Papa Pio XII, em 1 de novembro de 1950, na Baslica de So Pedro. A Assuno de Nossa Senhora, em corpo e alma ao cu, festeja-se a 15 de agosto. Essa incorruptibilidade sendo Dogma de f, ponto pacfico, logo, indiscutvel. Com relao aos santos da Igreja, vem memria o corpo de Maria Goretti, no Santurio de Nossa Senhora das Graas, em Netuno, Itlia, que se mantm incorrupto, num sarcfago de vidro; a lngua de Santo Antnio, intacta e exposta devoo dos fiis, em Pdua; o sangue de So Janurio, que a cada ano se liquefaz, em Npoles. Estes fenmenos, somados a certas imagens que choram, os  catlicos no os idolatram, como apregoam os pequenos de entendimento, mas os recebem como sinais e ddivas de Deus. Note-se, que no a imagem pela imagem, que se quebra e se varrem os cacos, que impressiona, e sim o exemplo de vida, que atravs da representao nos transmitido e o qual devemos assimilar. Por outro lado, existem imagens que so verdadeiras relquias valiosssimas, quer pelo tempo, quer pelo desempenho do artista. Da, chutar imagens, pichar e destruir esttuas , na melhor das hipteses, falta de educao, de instruo, de civilidade!

                                                  Representao tornar presente, seja por imagem, por escultura, pintura: expor verbalmente ou por escrito; o ator representa o seu papel; a imagem tambm, como o retrato, no deixa por menos. Jesus valeu-se da representao verbal, para semear o reino de Deus; os Evangelistas representaram a Palavra de Deus, por escrito. Moiss tambm, representou os Dez Mandamentos, esculpidos pelo dedo de Deus, nas duas pedras da Lei.

                                                  Ao nos quedarmos reverentes aos ps de uma imagem que REPRESENTE Nossa Senhora, So Jos, os Arcanjos Miguel, Gabriel, Rafael, So Pedro, So Paulo, Santo Antnio, So Benedito, Santa Terezinha do Menino Jesus, ou quaisquer dos santos de nossas devoes particulares, no os estamos adorando e sim,  solicitando que, frente  s prerrogativas recebidas,  intercedam  junto ao Pai Celestial, para que nos conceda um corao bom, a fim de enfrentarmos com galhardia os dissabores, das desiluses inculcadas por mercenrios  transvestidos de pastores e as dificuldades do dia-a-dia, da advindas. A intercesso no uma inveno da igreja, enquanto conjunto de fiis; a intercesso bblica, como lembraremos a seguir. 

                                                  Por ordem do Senhor Jesus, Abrao orou e a casa de Abimelec foi perdoada: Entrega  a mulher  a seu marido, porque   ele profeta, ROGAR por ti e tu vivers (Cf.  Gen XX, 1-18).  O Arcanjo So Rafael, diz a Tobias: Quando tu oravas com lgrimas, enterravas os mortos, deixavas o teu jantar, escondias os mortos em tua casa de dia e os enterravas de noite, EU  APRESENTEI as tuas oraes ao Senhor (CF. Tob XII,12). Esta mediao ratificada por Jesus: Os seus anjos nos cus, vem incessantemente a  face de meu Pai, que est nos cus (Cf. Mt XVIII,10). Quando Agar, encontrava-se no deserto com seu filho, o Senhor ouve a voz do menino e envia o Seu anjo (Cf. Gen XXI, 17). Abrao oferece em holocausto seu filho a Deus; mas o anjo do Senhor que fala do cu e evita o sacrifcio (Cf. Gen. XXII, 11).O anjo ir adiante do servo de Abrao em busca da mulher para o seu filho Isaac (Cf. Gen XXIV, 7). Essa mediao hierrquica sobrenatural, entendida luz da mediao natural. Absalo, filho de Davi, cado em desgraa do rei, seu pai, vale-se do prestgio de Joab, general do rei Davi e por sua intercesso perdoado: Eis que eu aplacado, te concedo o que pedes, diz Davi a Joab (Cf. 2Sam XIV, 21). O Centurio envia alguns ancios para que intercedam a Jesus, pela cura do seu servo e justifica-se: Nem eu me achei digno de ir ter contigo (Cf. Lc VII, 1-7). Nas bodas de Can, da Galilia, Maria Santssima INTERCEDE e desembaraa o noivo, de uma situao constrangedora: No tem vinho. Jesus, notadamente contrafeito, antecipa a SUA HORA, em ateno obediente Medianeira de todas as graas (Cf. Jo II, 1-11). Essa deciso de Jesus, o cumprimento inequvoco de sua prpria determinao, pelo quarto mandamento exarado na Lei de Deus: "Honrars pai e me. E a honra prestada a um pai e me passa, obrigatoriamente, pela obedincia.

                                                  O Verbum Dei, a Palavra de Deus, no e no ser, jamais, conflitante. Qualquer conflito, deve-se nica e exclusivamente, pequenez do nosso entendimento. A obedincia vale mais que as vtimas, diz Samuel a Saul (Cf. 1Sam XV, 22). E Jesus, na parbola dos dois filhos, conta que o pai mandou o primeiro a trabalhar na vinha e o filho lhe disse: No quero. O segundo concordou: Eu vou, senhor, mas no foi. O primeiro, tocado de arrependimento, acabou por ir. Este fez a vontade do pai (Cf. Mt XXI, 28-31). Como se v, Jesus primeiramente reage, dando um significado maior obedincia devida a Sua Me Santssima.

                                                  E o Verbo se fez carne, para nos trazer a vida em abundncia. Essa Vida em abundncia, para dissuadir os que semeiam  confuso, Santo Agostinho explicita: O que chamamos  vida, morte; pois, a verdadeira vida a de Jesus ressuscitado. A semente a palavra de Deus, eis o sentido da  parbola do semeador, que no por casualidade a primeira, da srie de parbolas de Jesus, em consonncia com o captulo primeiro do Gnesis, cujo agricultor o Pai, Criador do Cu e da Terra.

                                                  Por concluso, a Palavra de Deus no pode ser alterada a bel-prazer, como se vem observando nas tradues bblicas desde algumas dcadas. Chegamos ao limite, de sermos advertidos para que se tenha uma BOA VERSO BBLICA. Quanto mais antiga melhor. Se possvel editada antes de 1960. Esta advertncia (ignorada pelas diretrizes) que no somente eu, mas todo catlico esclarecido assina por baixo, deve-se ao dicono Francisco de Almeida Arajo no seu livrete:  EM DEFESA DA F.

                                                  Como se observa, todo cuidado pouco, pois o demnio transveste-se de cardeal, de bispo e at de anjo, para semear a ciznia no viveiro bblico, que a Palavra de Deus, em manifesto desprezo ao determinado por So Paulo: Ainda que ns mesmos, ou um anjo do cu, vos anuncie um Evangelho diferente daquele que vos temos anunciado,  seja  maldito.   

                                                   So Pedro, o primeiro Papa confirma: Os inconstantes ao adulterarem as palavras de Paulo e as Escrituras, o fazem para a prpria perdio.   

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