Comemorao litrgica: 08 de setembro. Tambm nesta data: Natividade de N. Senhora; Santos Toms de Vilanova, Pedro Claver Ordens religiosas da Igreja (Busca) Breve histrico da Ordem (clique aqui)
Fundador da Sociedade S. Vicente de Paulo - SSVP
(ou Vicentinos)
Frederico Ozanam, nasceu em 1813, em uma famlia de treze irmos, dos quais somente sobreviveram trs. Estudou Direito em Paris e posteriormente tornou-se o professor mais jovem da Sorbona. Casou-se com Amlia Soulacroix, com quem teve uma filha. Morreu aos 40 anos de idade, porm, nesses poucos anos, foi capaz de estabelecer uma extraordinria obra que no s adaptou o cristianismo necessidades urgentes, mas recuperou o protagonismo de piedosa dedicao aos leigos na Igreja, num sculo onde a expanso de idias anticlericais e contrrias religio, cresciam significativamente. Foi em 1833, com apenas 20 anos de idade que comeou a amadurecer a idia da Sociedade So Vicente de Paulo. Ozanam conheceu, durante seus anos de estudante, a Emmanuel Bailly, redator da revista Tribuna Catlica, e a muitos outros personagens catlicos durante as tertlias do conde de Montalembert. Bailly influenciou muitos outros jovens catlicos e com o apoio destes jovens foi que Ozanam ps em prtica, em 1833, a primeira Conferncia. O objetivo dos primeiros fundadores era, sobretudo, o aprofundamento em sua vida crist. Dentre suas inquietudes, expressava Frederico Ozanam que quisera formar uma reunio de amigos que trabalharam juntos num edifcio cientfico, mas sob o pensamento catlico. Por conseguinte, comear colocando a ao caritativa num lugar central. A isso contribuiu teses levantadas por outros universitrios, que denunciavam que o cristianismo havia abandonado a ao caritativa da antiguidade. Ozanam, assim, asseverou ento que desejaria que todos os jovens, de cabea e de corao, se unissem para realizar uma obra caritativa, e que se formaria em todo o pas, uma vasta associao generosa, destinada a aliviar as classes populares. Acreditando ser o modelo mais ajustado da f o fato de consagrar-se s necessidades do irmo, deixou claro que Deus abenoaria esse apostolado pelas suas obras de caridade. Os jovens que formaram a primeira Conferncia, contaram, em seus primeiros passos, com a ajuda de uma Filha da Caridade Crist, Irm Roslia Rendu, mulher conhecida e reconhecida em Paris por sua ao caritativa. Irm Roslia os ps em contato com as situaes de pobreza em Paris, no final do sculo XIX , os animou e em muito auxiliou as Conferncias em seu crescimento. Desde o princpio as Conferncias se colocaram sob a proteo de So Vicente de Paulo. A caridade era o eixo fundamental da Sociedade, ainda que as Conferncias mantiveram sempre uma ateno especialssima formao e ao enriquecimento da f de seus scios. Mesmo porque, Ozanam afirma que queremos que esta Sociedade de caridade no seja um partido, nem uma escola ou confraria, seno que seja profundamente leiga e sem deixar de ser estritamente catlica. Frederico Ozanam morreu no ano de 1853, em Marslia, depois de passar dura provao em decorrncia de dolorosa enfermidade. Em 1997, durante um encontro encontro mundial entre jovens, celebrado em Paris, o Papa Joo Paulo II beatificou Frederico Ozanam, que foi um precursor do papel com que os leigos iriam desenvolver com brilhantismo no seio da Igreja, sendo um perfeito modelo de vida para a juventude. A seguir: Homilia do Santo Padre na XII Jornada Mundial da Juventude em Paris, por
ocasio da Betificao de Frederico Ozanam - 1997 HOMILIA
DO SANTO PADRE Catedral de Notre-Dame, Paris, 22 de Agosto de 1997 1. O amor vem de Deus (1 Jo 4, 7). O Evangelho deste dia apresenta-nos a figura do bom Samaritano. Mediante esta parbola, Cristo quer mostrar aos Seus ouvintes quem o prximo citado no maior mandamento da Lei divina: Amars ao Senhor teu Deus, com todo o teu corao, com toda a tua alma, com todas as tuas foras e com todo o teu entendimento, e ao teu prximo como a ti mesmo (Lc 10, 27). Um doutor da Lei perguntava o que devia fazer para ter parte na vida eterna; encontrara nestas palavras a resposta decisiva. Sabia que o amor de Deus e do prximo o primeiro e o maior dos mandamentos. Apesar disso, pergunta: Quem o meu prximo? (Lc 10, 29). O fato de Jesus propr um Samaritano, como exemplo para responder a esta pergunta, significativo. Com efeito, os Samaritanos no eram particularmente estimados pelos Hebreus. Alm disso, Cristo compara a conduta deste homem quela de um sacerdote e de um levita, que viram o homem ferido pelos salteadores e deixado meio morto na estrada, e continuaram a sua caminhada sem lhe prestar socorro. Ao contrrio o Samaritano, que ao ver o homem sofredor, encheu-se de piedade (Lc 10, 33); a sua compaixo levou-o a uma srie de aes. Em primeiro lugar ligou-lhe as feridas, depois levou-o para uma estalagem a fim de que cuidassem dele; e, antes de partir, deu ao estalajadeiro o dinheiro necessrio para se ocupar do ferido (cf. Lc 10, 34-35). O exemplo eloqente. O doutor da Lei recebe uma resposta clara sua pergunta: quem o meu prximo? O prximo todo o ser humano, sem exceo. intil perguntar sobre a sua nacionalidade, a sua pertena social ou religiosa. Se est em necessidade, preciso ir ajud-lo. isto que pede a primeira e a maior Lei divina, a lei do amor de Deus e do prximo. Fiel a este mandamento do Senhor, Frederico Ozanam acreditou no amor, no amor que Deus tem por todos os homens. Ele mesmo se sentiu chamado a amar, dando o exemplo de um grande amor de Deus e dos outros. Ia ao encontro de todos os que tinham mais necessidade de ser amados, daqueles a quem Deus-Amor no podia ser efetivamente revelado seno pelo amor duma outra pessoa. Ozanam descobriu nisto a sua vocao, viu o caminho para o qual Cristo o chamava. Encontrou nisto o seu caminho rumo santidade. E percorreu- o com determinao. 2. O amor vem de Deus. O amor do homem tem a sua fonte na Lei de Deus; a primeira leitura do Antigo Testamento demonstra-o. Nela encontramos uma descrio pormenorizada dos atos do amor ao prximo. como que uma preparao bblica para a parbola do bom Samaritano. A segunda leitura, tirada da primeira Carta de So Joo, desenvolve o que significa a palavra o amor vem de Deus. O Apstolo escreve aos seus discpulos: Carssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama, nasceu de Deus e conhece-O. Aquele que no ama, no conhece a Deus, porque Deus amor (1 Jo 4, 7-8). Esta palavra do Apstolo constitui verdadeiramente o centro da Revelao, o pice para o qual nos conduz tudo o que foi escrito nos Evangelhos e nas Cartas apostlicas. So Joo prossegue: Nisto consiste o Seu amor: no fomos ns que amamos a Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou o Seu Filho como propiciao pelos nossos pecados (ibid., 10). A remisso dos pecados manifesta o amor que por ns tem o Filho de Deus feito homem. Ento, o amor do prximo, o amor do homem, j no apenas um mandamento. uma exigncia que deriva da experincia vivida do amor de Deus. Eis por que Joo pode escrever: Se Deus nos amou assim, tambm nos devemos amar uns aos outros (1 Jo 4, 11). O ensinamento da Carta de Joo prolonga- se; o Apstolo escreve: Ningum jamais viu a Deus; se nos amarmos uns aos outros, Deus est em ns e o Seu amor perfeito em ns. Nisto conhecemos que estamos nEle e Ele em ns, porquanto nos deu o Seu Esprito (1 Jo 4, 12-13). O amor ento a fonte do conhecimento. Se, por um lado, o conhecimento uma condio do amor, por outro, o amor faz aumentar o conhecimento. Se permanecermos no amor, temos a certeza da ao do Esprito Santo que nos faz participar no amor redentor do Filho, que o Pai enviou para a salvao do mundo. Ao reconhecermos Cristo como Filho de Deus, permanecemos nEle e, por Ele, permanecemos em Deus. Pelos mritos de Cristo, acreditamos no amor, conhecemos o amor que Deus tem por ns, sabemos que Deus amor (cf. 1 Jo 4, 16). Este conhecimento mediante o amor de algum modo o elemento essencial da vida espiritual do cristo. Quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele (ibid.). 3. No contexto da Jornada Mundial da Juventude, que este ano tem lugar em Paris, procedo hoje beatificao de Frederico Ozanam. Sado cordialmente o Senhor Cardeal Jean-Marie Lustiger, Arcebispo de Paris, cidade onde se encontra o tmulo do novo Beato. Alegro-me tambm com a presena neste evento de Cardeais e de Bispos de numerosos pases. Sado com afeto os membros da Sociedade de So Vicente de Paulo, que do mundo inteiro vieram para a beatificao do seu principal fundador, assim como os representantes da grande famlia espiritual herdeira do esprito de So Vicente. Os vnculos entre vicentinos foram privilegiados desde as origens da Sociedade, pois foi uma Filha da Caridade, Irm Rosalie Rendu, quem guiou o jovem Frederico Ozanam e os seus companheiros rumo aos pobres do bairro Mouffetard, em Paris. Caros discpulos de So Vicente de Paulo, encorajo- vos a pr em comum as vossas foras para que, como desejava o vosso inspirador, os pobres sejam cada vez mais amados e servidos e Jesus Cristo, honrado nas suas pessoas! 4. Frederico Ozanam amava todos os necessitados. Desde a sua juventude, tomou conscincia de que no bastava falar da caridade e da misso da Igreja no mundo: isto devia traduzir-se num empenho efetivo dos cristos no servio dos pobres. Estava assim em sintonia com a intuio de So Vicente: Amemos a Deus, meus irmos, amemos a Deus, mas que isto acontea com os nossos braos e com o suor do nosso rosto (So Vicente de Paulo, XI, 40). Para o manifestar de maneira concreta, com a idade de vinte e cinco anos, com um grupo de amigos, criou as Conferncias de So Vicente de Paulo, cuja finalidade era a ajuda aos mais pobres, num esprito de servio e de partilha. Bem depressa, estas Conferncias difundiram-se fora de Frana, em todos os pases da Europa e do mundo. Eu mesmo, como estudante, antes da segunda guerra mundial, fiz parte de uma delas. O amor pelos mais miserveis, por aqueles de quem ningum se ocupa, j est no centro da vida e das preocupaes de Frederico Ozanam. Ao falar destes homens e destas mulheres, ele escreve: Deveramos cair aos seus ps e dizer- lhes com o Apstolo: Tu es Dominus meus. Vs sois os nossos mestres e ns seremos os vossos servidores; sois para ns as imagens sagradas deste Deus que no vemos e, no sabendo amar doutra maneira, ns O amamos nas vossas pessoas (A Louis Janmot). 5. Ele observa a situao real dos pobres e procura um empenho cada vez mais eficaz, para os ajudar a crescer em humanidade. Compreende que a caridade deve levar a trabalhar pela reparao das injustias. Caridade e justia caminham a par e passo. Tem a coragem lcida dum empenho social e poltico de primeiro plano numa poca agitada da vida do seu pas, pois nenhuma sociedade pode aceitar a misria como uma fatalidade, sem que a sua honra no seja atingida. assim que se pode ver nele um precursor da doutrina social da Igreja, que o Papa Leo XIII desenvolver alguns anos mais tarde na Encclica Rerum novarum. Diante das pobrezas que oprimem muitos homens e mulheres, a caridade um sinal proftico do empenho do cristo no seguimento de Cristo. Convido, pois, os leigos e de modo particular os jovens a darem prova de coragem e de imaginao, a fim de trabalharem para a edificao de sociedades mais fraternas, onde os mais necessitados sejam reconhecidos na sua dignidade e encontrem os meios para uma existncia respeitvel. Com a humildade e a confiana incondicional na Providncia, que caracterizavam Frederico Ozanam, tende a audcia da partilha dos bens materiais e espirituais com aqueles que esto na misria! 6. O Beato Frederico Ozanam, apstolo da caridade, esposo e pai de famlia exemplar, grande figura do laicado catlico do sculo XIX, foi um universitrio que assumiu uma parte importante no movimento das idias do seu tempo. Estudante, professor eminente primeiro em Lio e depois em Paris, na Sorbona, teve em vista antes de tudo a investigao e a comunicao da verdade, na serenidade e no respeito das convices daqueles que no partilhavam as suas. Aprendamos a defender as nossas convices sem odiar os nossos adversrios, escrevia ele, a amar aqueles que pensam diversamente de ns [...] lamentemo- nos menos dos nossos tempos e mais de ns mesmos (Cartas, 9 de Abril de 1851). Com a coragem do crente, denunciando todos os egosmos, ele participa ativamente na renovao da presena e da ao da Igreja na sociedade da sua poca. Conhece-se tambm o seu papel na instituio das Conferncias da Quaresma nesta catedral de Notre- Dame de Paris, com o objetivo de permitir aos jovens receber um ensinamento religioso renovado, ante as grandes questes que lhes interrogam a f. Homem de pensamento e de ao, Frederico Ozanam continua a ser para os universitrios do nosso tempo, professores e estudantes, um modelo de empenho corajoso capaz de fazer ouvir uma palavra livre e exigente, na busca da verdade e na defesa da dignidade de toda a pessoa humana. Que seja tambm para eles um apelo santidade! 7. A Igreja confirma hoje a escolha de vida crist feita por Ozanam, assim como o caminho que assumiu. Ela diz-lhe: Frederico, o teu caminho foi deveras a via da santidade. Passaram mais de cem anos, e eis o momento oportuno para redescobrir este caminho. preciso que todos estes jovens, mais ou menos da tua idade, reunidos em to grande nmero em Paris, provenientes de todos os Pases da Europa e do mundo, reconheam que esta estrada tambm deles. preciso que compreendam que, se quiserem ser cristos autnticos, devem empreender este mesmo caminho. Oxal abram melhor os olhos da prpria alma s necessidades to numerosas dos homens de hoje. Compreendam estas necessidades como desafios. Cristo chama- os, cada um pelo seu nome, a fim de que cada um possa dizer: eis o meu caminho! Nas opes que fizerem, a tua santidade, Frederico, ser confirmada de modo particular. E grande ser a tua alegria. Tu, que j vs com os teus olhos Aquele que o amor, s tambm um guia em todos os caminhos que estes jovens vo escolher, seguindo hoje o teu exemplo! * * * * * * * * * TPICOS RELACIONADOS
Referncias: 1. https://ssvp.es (Biografia - Site da Sociedade S. Vicente de Paulo - Espanha) - Traduzido e sintetizado por Pgina Oriente 2. https://vatican.va (Site do Vaticano - Homilia do Santo Padre na XII Jornada Mundial da Juventude) - Original em portugus/Portugal, adaptado para portugus/Brasil por Pgina Oriente. |