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O PROCESSO DE JESUS - O Interrogatrio = Site Catlico Apostlico Romano = Se voc chegou por sites de busca, acesse nossa Pgina Principal |
I PARTE (Processo Civil) * Foi preservado o portugus da poca (1921).
O Interrogatorio
Os membros do Synhedrio e o povo ficaram de fra. O accesso ao Pretorio, casa da residencia de um extrangeiro, e extrangeiro oppressor, teria sido para elles uma aco abominavel, e especialmente nesse dia. Por isso s entraram os soldados. Pilatos foi ao terrao, e de l, dirigindo-se ao povo: _ Que fez este homem? - perguntou. _ Qual foi o seu crime? Esta pergunta, assim ex abrupto, concisa e sem preambulos, que transformava, de repente, os membros do Synhedrio, de Juizes como pretendiam ser, em accusadores, irritou o povo que, com mal contida arrogancia, vociferou: _ Si elle no fosse um malfeitor, no o teriamos levado tua presena! Semelhante resposta parecia pr em termos claros a questo. Os judeus queriam impr, a Pilatos, o papel de carrasco, reservando para elles o de juizes. Pilatos, porm, no pensava deste modo, e subtrahindo-se habilmente, cilada judaica: _ Si assim, - exclamou, _ visto que o julgastes, condemnae-o tambem, de accordo com a vossa lei. _ Mas no nos consentido condemnar morte ninguem - observou a turba. Era uma confisso publica e bem humilhante que ao astuto Governador custra apenas uma ironia. O desfecho no era to facil como a princpio parecia aos judus, e a causa parecia tomar um caminho tortuoso e incerto. Que fazer? No havia outro meio sino assumir o papel de accusadores, e por isso gritaram: _ Encontramol-o amotinando o povo, aconselhando-o a no pagar o tributo a Cesar, e declarando-se Christo-Rei. Era evidentemente uma calumnia. Mas assim assacavam a Jesus dois crimes: um religioso para os judeus, por significar a palavra Christo, Filho de Deus; outro politico para o representante de Roma, por se ter proclamado Rei. A esta accusao Pilatos pareceu impressionar-se, e levando Jesus aos seus aposentos particulares, perguntou: _ Ento tu s o Rei dos judeus? - E Jesus: _ Isso dizes de ti mesmo, ou t'o disseram de mim? Como si dissesse: Entrou realmente no teu espirito alguma suspeita que eu ambicione a realeza, ou ests apenas repetindo a accusao dos meus inimigos? No primeiro caso, tu que ha bastante tempo s governador da Juda, ests, melhor do que qualquer outro, em condio de saber si algum dia pensei em introduzir qualquer novidade politica que pudesse alterar a ordem do Estado. No segundo caso, compete a ti, como juiz, em dar o devido apreo a uma accusao, que no tem outro motivo sino o odio dos chefes da Synagoga contra mim. (1) Pilatos, porm, no sabia o que esperavam os judeus, confiados nos seus Prophetas. _ Porventura sou eu judeu? - tornou elle. _ Tua gente e os Pontifices a mim te entregaram, que fizeste? _ O meu reino no deste mundo, - continuou Jesus; _ Si o fra, pelejariam os meus para que eu no fosse entregue aos judeus, mas no daqui o meu reino. _ Assim, tu s Rei? - acudiu Pilatos. _ Tu dizes que sou Rei, - respondeu Jesus _ para isso nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade; todo o que da verdade ouve a minha voz. _ Que cousa a verdade? - perguntou Pilatos. Mas no esperou pela resposta. Convencido de que tinha que fazer com um sonhador ou um sabio, e no com um criminoso, dirigiu-se ao terrao e de l falou: _ Trouxeste-me este homem como agitador popular, como perturbador da ordem, mas, examinado por mim, nada encontrei que fundamentasse as vossas accusaes. No acho, nelle, crime nenhum. _ Como pde ser assim? - acudiu a turba. _ Pois si no ha recanto da Juda e da Galila que no tenha sublevado com a sua doutrina!! O nome da Galila, pronunciado, aqui, no sabemos si intencionalmente ou no, calou no esprito de Pilatos. Era precisamente a Galila a terra onde o amor independencia e liberdade se mostrava sempre mais accentuad; era de l que apparecia a scentelha da revolta que, num instante, se transformava em labareda caudal, propagando-se, incendiando toda a Palestina, e sublevando as massas contra o insupportavel e odiado jugo romano. Perguntra, pois, Pilatos, si Christo era galilu, e obtendo resposta affirmativa, pensou logo em tirar proveito desta circumstancia. A Galila, diz Le Camus, "offerecia lhe um dessesexpedientes de que si utilizam sempre os homens politicos. Entrevia logo a possibilidade de enviar o accusado do Forum aprehensionis ao Forum originis, ou de domiclio". E este expediente offerecia-lhe uma dupla vantagem: desembaraar-se de um processo complicado e importuno e reconciliar-se, por este acto de deferencia, com o Tetrarcha da Galila, que, por motivos provavelmente de jurisdico, mantinha, com Pilatos, relaes um tanto frias. Este Tetrarcha era aquelle mesmo Herodes que mandra assassinar, na propria priso, a Joo Baptista. (Prximo tpico: Na presena de Herodes)
(*) Notas de Rodap na base * Para voltar ao texto, clique no tpico abaixo (1) Mons. A. Martini - Vang. di G. Cr. Sec. S. Giovanni, XVIII, 34.
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