Comemorao litrgica: 08 de novembro. Tambm nesta data: So Deodato, So Godofredo e Bv. Joo Duns Escoto
Elisabete da Trindade uma jovem carmelita descala, cheia de vida e de entusiasmo. Ao longo dos seus 26 anos de vida, soube vivenciar o mistrio da Trindade que habita no corao humano. Elisabete nasceu em um acampamento militar, no campo de Avor, perto de Bourges, Frana, pois seu pai era capito do exrcito francs. Desde muito cedo Elisabete mostrou ser uma criana turbulenta, muito viva, faladora, precoce e de temperamento colrico. Sua me conta: Quando tinha apenas 1 ano, j se manifestava sua natureza ardente e colrica. Sua irm chega mesmo a dizer que era to violenta que os familiares a ameaavam enviar para uma casa de correo. No entanto, sua me, atenta, soube modelar a fria de Elisabete e fazer sobressair nela a ternura. E de tal maneira a ternura ganhou terreno que o maior castigo de Elisabete acontecia quando sua me, noite, se despedia dela sem lhe dar um beijo. Ento, Elisabete compreendia que no tinha se portado bem, e, meditando fazia exame de conscincia e corrigia-se. Ainda Elisabete era uma criana quando a famlia se mudou para a cidade de Dijon. Aqui Elisabete, com apenas 7 anos e 2 meses, perdeu o pai to querido que a morte lhe roubou. O dia da primeira comunho, a 19 de abril de 1891, foi o grande dia da vida de Elisabete, tinha ento 10 anos, pois nascera no dia 18 de julho de 1880. Chora de alegria. Ao sair da igreja, ao descer as escadas diz sua amiguinha Marie-Louise Hallo: No tenho fome, Jesus saciou-me ... Estudou piano desde os 8 anos de idade no Conservatrio vindo a tornar-se uma excelente pianista segundo a expresso do seu professor de msica. Participou em concertos organizados, e, os jornais falaram do seu grande talento ainda mal a menina chegava aos pedais do piano. Entre as msicas e os festivais, entre os bailes, as frias e as diverses foram decorrendo os anos de Elisabete. Estava perto dos catorze anos de idade quando se sentiu irresistivelmente atrada por Jesus. Escreve futuramente: Ia fazer catorze anos, quando um dia, durante uma ao de graas, me senti irresistivelmente inspirada a escolher Jesus como nico esposo e imediatamente a Ele me liguei por um voto de virgindade. No nos dissemos nada, mas entregamo-nos um ao outro de tal maneira que a resoluo de lhe pertencer totalmente tornou-se em mim ainda mais definitiva. Aos 18 anos sua me pretendeu cas-la com esplndido noivo, mais Elisabete responde: o meu corao j no est livre, dei-o ao Rei do reis, j dele no posso dispor. O desgosto da me foi grande. Mas foi mais amargo quando soube que Elisabete queria entrar para o Carmelo, onde tantas vezes tinham entrado e que ficava ali apenas 200 metros de sua casa. Entre lgrimas a me apenas consentiria na entrada do filha no Carmelo quando essa alcanasse a maioridade, aos 21 anos de idade. A rapariga vai regularmente visitar a prioresa Maria de Jesus. Ali encontra tambm o padre Valle, superior dos dominicanos de Dijon, que a encoraja muito: Elisabete espera com todo o seu corao os seus 21 anos: ento poder subir essa montanha solitria que parece um cantinho do cu. Certo dia Elisabete declara: Se soubsseis tudo o que sofro ao ver minha querida me desolada ao aproximarem-se os meus vinte e um anos.... Ela sofre vrias influncias: um dia diz-me uma coisa, no dia seguinte o contrrio.... Como doloroso fazer sofrer aqueles que amamos, mas por Ele! Se Ele no me ajudasse, em certos momentos pergunto o que seria de mim, mas Ele est comigo, e com Ele tudo posso. E escreve ainda:
A irm Elisabete tomou o hbito a 8 de Dezembro de 1901. Iniciada a vida de noviciado a paz e a felicidade mudou-se em noite escura. No decurso do ano de 1902, o sofrimento interior visita Elisabete. Est numa grande neblina. H dias de confuso e, em certas horas a angstia e a tempestade. Mas ela ama o Crucificado ressuscitado e entrega-se a Ele cegamente. Foi o momento da purificao interior. Os seus escritos relatam a felicidade de acreditar no seu amor e de O seguir. A sua noite ilumina-se com as claridades da f e da confiana, como ela explica nesse mesmo ano senhora de Sourdon: O abandono, eis o que nos entrega a Deus. Sou muito nova, mas parece-me que algumas vezes sofri bastante. Oh ! Ento quando tudo se obscurecia, quando o presente era to doloroso e o futuro me aparecia ainda mais sombrio, fechava os olhos e abandonava-me como uma criana nos braos desse Pai que est nos cus... Com a profisso religiosa, que fez a 11 de janeiro de 1903, recobrou a paz e a serenidade interior. Depressa a Irm Elisabete descobriu a sua vocao. Lendo So Paulo descobriu que ela devia ser o louvor da glria de Deus. Esta idia e esta vocao sero o rumo e o norte de Elisabete da Santssima Trindade: louvor e glria uma alma que mora em Deus e o ama com amor puro, amante do silncio qual lira mantida sobre o toque misterioso do Esprito Santo, fazendo sair de si harmonias divinas. Louvor e glria uma alma que contempla a Deus em f simples e permanece como um eco perene do eterno cntico celeste. O segredo da felicidade no se preocupar consigo mesmo, negar-se em todo o momento. Seguindo o caminho que Cristo a Irm Elisabete entrou no mistrio de Deus atravs de Maria a quem gosta de chamar a Porta do cu. Seguindo a nossos pais e mestres Teresa de Jesus e, sobretudo Joo da Cruz, de quem constantemente fala nos seus escritos, Elisabete mergulha no mistrio das Trs Pessoas Divinas, nesse Oceano sem fundo que a Santssima Trindade e que ela sente envolve-la por dentro e por fora. Tal como So Joo da Cruz se sentiu fascinado pela formosura de Deus, tambm Elisabete da Trindade se sente atrada pela beleza de Deus. Elisabete gostava de ver o sol penetrar nos claustros e recordar aquela comparao de Santa Teresa: Santa Teresa diz que a alma como um cristal no qual se reflete a Divindade. Gosto tanto desta comparao e, quando vejo o sol invadir os nossos claustros com os seus raios, penso que Deus invade a alma que O procura ! A nossa irm deixou-nos escrito acerca do tempo depois da sua profisso: cada dia da minha vida de esposa me parece mais belo, mais luminosos, mais envolto em paz e amor. Mas foi a vivncia total daquela frase de So Joo da Cruz: a alma perfeita e unida a Deus em tudo encontra alegria e motivo de deleite at naquilo que entristece os outros, e sobretudo alegra-se na cruz que levou a Irm Elisabete a perder-se em Deus como uma gota de gua no Oceano, segundo a sua prpria expresso. Foi perfeito louvor da glria de Deus, por isso, apenas com 26 anos se encontrava preparada para voar para a paz: tudo calma, tudo fica tranqilo e to bom, a paz do Senhor. Nos fins de maro de 1906, a Irm foi colocada na enfermaria. Sentia-se feliz por morrer carmelita. As Irms rezavam pela sua cura e Elisabete juntou o seu pedido s oraes da comunidade, mas sentiu que Jesus lhe dizia que os ofcios da terra j no eram para ela. No final de outubro de 1906 Elisabete escreve: No declinar da vida s resta o amor
luz da eternidade, a alma v as coisas na sua verdadeira imagem; Oh, como tudo intil, o que no foi feito por Deus e com Deus ! Peo-vos, oh, marcai tudo com o selo do amor ! S isso resta. Porque a vida uma coisa muito sria: cada minuto nos dado para nos enraizarmos mais em Deus, segundo a expresso de So Paulo, para que a semelhana com o nosso divino Modelo seja mais viva, a unio mais ntima. Mas para realizar esse plano que do prprio Deus, eis o segredo: esquecermo-nos de ns, abandonarmo-nos, no nos importarmos conosco, olhar o Mestre, olhar apenas para Ele, receber igualmente como vindos diretamente do seu amor, a alegria ou a dor; Isso estabelece a alma numas regies to serenas !... Deixo-vos a minha f na presena de Deus, do Deus todo amor que habita nas almas. Confio-vo-lo: essa intimidade com Ele c dentro, que foi o belo sol irradiante da minha vida, sendo como que um Cu antecipado; o que me ajuda hoje no sofrimento. No tenho medo da minha fraqueza, ela que me d confiana, porque o Forte est em mim e a sua virtude poderosa; ela opera, diz o Apstolo, alm do que podemos esperar ! No dia 1 de novembro comungou pela ltima vez e dois dias antes da sua morte disse ao seu mdico: provvel que dentro de dois dias esteja no seio da Santssima Trindade. a Virgem Maria, aquele ser to luminoso, to puro, com a pureza do mesmo Deus, quem me levar pela mo e me introduzir no cu to deslumbrante. Alguns dias antes de sua morte, Elisabete disse s sua Irms esta frase to bela e que ficou clebre: Tudo passa ! No declinar da vida s o amor nos resta... Frase que se parece com aquela outra de So Joo da Cruz, tambm muito bela e conhecida: tarde sers examinado no amor. A sua ltima noite foi terrivelmente penosa, pois s suas horrveis dores juntou-se-lhe tambm a falta de ar, mas ao amanhecer Elisabete sossegou, e inclinando a cabea abriu os olhos, e exclamou: vou para a Luz, para o Amor, para a Vida, e adormeceu para sempre. Era a madrugada do dia 9 de novembro de 1906. Parece-me que no Cu a minha misso ser atrair as almas ajudando-as a sair de si para se unirem a Deus por um movimento bem simples e amoroso e a guard-las nesse grande silncio interior que permite a Deus imprimir-se nelas transformando-as em si
28 de outubro de 1906. Deus, rico em misericrdia, que revelastes Irm Elisabete da Santssima Trindade o mistrio da vossa presena na alma dos justos e fizestes dela uma adoradora em esprito e verdade, concedei-nos por sua intercesso que, permanecendo no amor de Cristo, mereamos ser transformados em templos vivos do Esprito Santo de amor, para louvor e glria infinita. Amm. * * * * * * * * * TPICOS RELACIONADOS
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